terça-feira, 9 de maio de 2017

YOGA E ARTE I


Somente na medida em que o Yoga  deixa de ser apenas disciplina e a arte deixa de ser profissão é que podemos entender mais claramente a unidade de ambas como formas de autorrealização.

“O que experimentamos no fundo de nossa alma é a realização.” Estas palavras de Swami Vivekananda sobre a experiência direta nos fazem refletir sobre o caminho da arte. O exercício da arte, feito com amor desapegado, conduz à realização intuitiva da Verdade. Estudaremos as semelhanças entre arte e Yoga  em seus quatro  margas, ou caminhos individuais de aperfeiçoamento.

O  Yoga  oferece aos seus adeptos quatro caminhos fundamentais, que podem conduzi-los ao estado de Libertação:  Raja Yoga, Bhakti Yoga, Karma Yoga e Jñana Yoga. Estes correspondem respectivamente à união com o Supremo por meio do domínio sobre a própria mente, do amor e devoção, da ação e do conhecimento.

O intuito do Yoga  não é afirmar a Verdade, mas conduzir o adepto, através da experiência, à conscientização da Verdade imanente em si mesmo e em toda a natureza. Poderíamos dizer, em nossas reflexões sobre arte e yoga , que a arte, em sua trajetória de aprendizado de vida, muitas vezes se aproxima do aprendizado de um  yogue. O treinamento de um yogue dentro de Raja Yoga ou disciplina mental assemelha-se ao treinamento paciente pelo qual terá que passar um artista, desenvolvendo sua capacidade de observação, concentração e atenção na busca de ampliar, cada vez mais, a sua percepção do mundo.

Conjugar o movimento da alma ao movimento da mão, suprimir o su-perfluo para melhor sugerir, intensificar, abrandar o traço; levá-lo como a música de maior intensidade de vibração ao pianíssimo, que apenas se pressente, é a finalidade à qual se dirige o estudante de arte em seus primeiros esboços.

Essa síntese de nossas faculdades de concentração e percepção nem sempre é conseguida no princípio, quando todas as experiências ainda se escondem sob o arcabouço fechado dos preconceitos e das inibições. Somente o exercício constante e o amor ao trabalho poderão vencer as barreiras que se erguem diante de um aluno iniciante e indeciso. Essa entrega total, esse amor ao trabalho pode ser comparado ao caminho Bhakti.(Trecho do meu livro “Os Caminhos da Arte”, editora C/ARTE, 2015)

Fotos de Maurício Andrés e da internet

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