O mundo moderno, preocupado com o consumo, o lucro e
a competição, envolve-se na fumaça das glórias externas, esquecendo-se da
realidade interna, cuja existência muitas vezes não chega a vislumbrar. O
raciocínio lógico impede a abertura para a intuição. A meditação, a
interiorização, a arte, conduzem-nos a esta limiar de luz, e, portanto, trazem
consigo a paz interior.
A arte é uma das formas mais penetrantes de
redescoberta deste Eu interior, que todo homem possui, mas, muitas vezes, não
chega a perceber. Os artistas têm espontaneamente a tendência de abrir a porta
da intuição e deixar que o Eu interno fale: seja na combinação de cores, de
sons ou de palavras. Esta abertura para a intuição coloca-os de certo modo em
atitude receptiva, deixando fluir o que estava adormecido no inconsciente.
A intuição ilumina a mente durante o curso do
trabalho, ou chega de surpresa, muitas vezes de madrugada, quando tudo dorme. A
maior riqueza do artista é o diálogo silencioso que trava consigo mesmo,
superando os dias de sucesso ou de fracasso. Este diálogo significa para ele
forma de purificação e equilíbrio. Muitos artistas conseguiram este equilíbrio
e chegaram a testemunhá-lo em seus depoimentos. Mas, para isto, tiveram de se
manter na indiferença às solicitações e pressões externas, aos acenos do lucro,
da ambição e das glórias. Os prêmios e o reconhecimento público são importantes
na medida em que colaboram para o incentivo e o aumento da criatividade. A
criatividade é a chama que deve se manter acesa, em contato permanente com a
vida interior.
Mas este encontro com o Eu interior não é privilégio
dos artistas, todo ser humano é um criador em potencial, portanto nasceu com a
predisposição para entrar em contato com a realidade interna, chave de sua
integração. O trabalho feito com amor, colabora nesta integração. O homem que
segue suas tendências naturais, que se desenvolve dentro da profissão para a
qual foi chamado, está colaborando de certo modo para o seu próprio equilíbrio
e para o equilíbrio daqueles que o cercam. Sentir-se integrado naquilo que se
faz, é fator importantíssimo não só para o rendimento do trabalho, como para o
desenvolvimento e progresso do meio em que se vive. O trabalho feito em
ressonância com a vocação de cada um, do cozinheiro ao sapateiro, do camponês
ao industrial, do médico ao engenheiro, da dona de casa à modista, ajuda na
reconstrução da pessoa humana equilibrando suas energias internas e externas.
Muitas vezes nos entregamos a tarefas que não gostamos, julgando ser este o
nosso dever, não reservando um só momento para o desenvolvimento de nossa
vocação. Esquecemo-nos de que ela nos foi dada por Deus para ser desenvolvida,
e não reprimida. Por meio dela seremos livres. Desenvolver a própria vocação
não é forma de egoísmo, mas procura de totalidade.
Nesta época de massificação e desajuste social, é
necessário compreender que as energias do homem precisam se integrar, crescendo
em harmonia com suas aspirações, de acordo com suas tendências naturais. Esta
integração virá beneficiar o progresso do homem como pessoa, refletindo-se em
seu ambiente. O despertar das energias interiores através do desenvolvimento
das inclinações individuais se dará no trabalho, no esporte, na arte, no estudo
ou na reflexão.
*Fotos de arquivo e da internet
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