Durante o governo militar no Brasil, grupos de
artistas ligaram-se a uma política radical de denúncia, considerando a arte a
forma mais direta de manifestação de suas ideias. No final dos anos 60
observou-se a radicalização política dos artistas, críticos e intelectuais
brasileiros, em face do recrudescimento da repressão instaurada pelo AI-5. A
perseguição política a artistas e intelectuais de esquerda, que resultou no
exílio e na aposentadoria compulsória de muitos profissionais e no cancelamento
de várias exposições coletivas, foi acompanhada de vários manifestos de repúdio
às ações repressivas do governo militar.
Na década de 1960 o happening tornou-se uma das
grandes formas de desafio popular. Nas ruas, grupos promoviam o espetáculo, que
não se limitava à encenação dentro de um recinto fechado. Misturavam-se com o
povo, criavam situações, agrediam. A experiência englobava, em seu contexto,
teatro, artes plásticas, música, dança. A finalidade principal do happening era
a conscientização dos problemas do século: guerra, destruição, violência;
desafiar o transeunte a uma reflexão, tirá-lo da passividade. No happening o
espectador era também ator e, de acordo com suas reações, as cenas se modificavam.
O objetivo era vivenciar a experiência criadora em sua totalidade, provocar
reações por meio do choque, do escândalo, do ridículo, do poético.
Os artistas abandonavam a reclusão dos ateliês
fechados, guardavam as telas e adotavam como campo de ação as praias, as
estradas, as ruas cheias de transeuntes. Buscavam uma arte desmaterializada,
que não podia ser guardada em museus nem adquirida por colecionadores.
“Nosso primeiro objetivo é transformar em poesia a
linguagem que a sociedade de exploração reduziu ao comércio e ao absurdo.”
Essas palavras de Jean Jacques Lebel, autor de vários happenings em Paris,
definem a posição daqueles artistas rebeldes, inconformados com a
comercialização e a exploração da arte. Na década de 1960
os happenings levantaram polêmicas em vários países do mundo. No Brasil,
artistas e críticos se uniram contra a repressão militar organizando happenings
nas ruas, em sinal de protesto. Havia uma necessidade de conscientizar a
população do que se passava por detrás das prisões, e a forma encontrada para
isso foram os happenings, realizados em espaços públicos, quase sempre
perseguidos pelos militares.
*Fotos da internet
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