Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
domingo, 23 de agosto de 2015
DO CARRO DE BOI AO COMPUTADOR
Residindo longe do eixo Rio – São Paulo onde
aconteciam os eventos, eu me expressava nos anos 50, dentro do construtivismo
de maneira própria. Ia todos os fins de semana para a fazenda do meu sogro em
Entre Rios de Minas. Ali desenhava cenas da vida rural, buscando a
simplificação da figura como uma necessidade interior de disciplina e
concentração. Suprimir detalhes, valorizar a cor chapada pura, sem nuances, era
para mim também uma busca espiritual da essência da forma, síntese espontânea,
intuitiva, conquistada com o exercício constante e ininterrupto do desenho. Os
pequenos desenhos da década de 50 foram guardados em pastas diferentes, de
acordo com o destino que poderiam ter mais tarde, na pintura, na escultura ou
na arte aplicada. Desenhos daquela época estão sendo tridimensionados com o
auxílio do computador pela arquiteta Elena Andrés Valle e depois transformados
em esculturas de ferro, sob a orientação do arquiteto Alen Roscoe. Esta série
de desenhos que denomino de pré- concretista, foi um caminho do figurativo ao
abstrato e está possibilitando, no presente, uma caminhada em direção a outros
espaços.
*Fotos de Euler Andrés e Maria Helena Andrés
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terça-feira, 11 de agosto de 2015
ARTE E VIDA
As artes plásticas possibilitam uma reflexão sobre o
que motivou determinado impulso inconsciente, e nos fez seguir determinada
direção. Cada artista tem seu próprio caminho. Cada ser humano tem seu próprio
processo.
Reconhecê-lo através da sua própria arte é anexar
arte e vida.
Arte e vida tornou-se um único processo, quando
descobrimos o que nos moveu a seguir os movimentos vindos do inconsciente.
É necessário estar aberto, receptivo. Então o que já
existe dentro de nós poderá vir à tona. Proporcionar esta abertura para o novo,
é tarefa do educador.
Guignard foi antes de tudo um grande educador.
O encontro com Guignard possibilitou-nos um
descondicionamento das fórmulas acadêmicas. Todos os alunos receberam da mesma
fonte, mas cada um seguiu uma direção diferente.
Dar livre curso à emoção através da cor e ao mesmo
tempo disciplinar a mente com o exercício do lápis duro, foi tarefa inicial
exigida pelo mestre.
Havia incentivo, entusiasmo. Havia cooperação e
ajuda mútua. Havia estímulo e apoio às ideias novas. As tendências vieram à
tona, nos diversos tipos psicológicos dos alunos. Alguns continuaram pintores,
outros se tornaram gravadores, escultores, decoradores, jornalistas e
escritores.
Hoje a arte se estende à vida em todas as situações.
Escolhi a pintura e o desenho seguindo uma
complementação mútua de cor, transparência, linha, textura. Os livros vieram da
necessidade de dar testemunho e também de estimular outros artistas a fazerem o
mesmo: refletirem sobre seu próprio caminho, conscientizarem o seu processo.
Cada um descobrirá o seu no momento adequado. Arte é autodescoberta e
autoconhecimento.
*Fotos de arquivo e da internet
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terça-feira, 4 de agosto de 2015
O TRABALHO DAS MÃOS
Atualmente, o artesanato tem sido estimulado, não
somente nos países menos desenvolvidos, mas também nos industrializados. Se no
Oriente constitui forma específica de trabalho, no Ocidente é o recurso de
equilíbrio para o homem que vive da civilização mecanizada. Através do
artesanato, ele realiza sua atividade criadora, latente em qualquer ser humano.
“Neste mundo que se coletiviza, é indispensável encontrar na criatividade a
sobrevivência do homem. O homem que não é e jamais será máquina, pois é senhor
de todas as máquinas, está sendo ameaçado pela sua própria criação”. Nesta
época de vida mecânica, de saturação de ideias, de telenovelas, de repetição de
slogans, a criatividade seria a forma de continuarmos a ser gente e não “robots”.
Observando as barracas de arte de N. Delhi,
lembro-me de Minas Gerais, das joias de prata de Tiradentes, da feira de arte
da Praça da Liberdade. É realmente necessário no mundo de hoje o trabalho que o
homem faz com as próprias mãos. Vejo agora este indiano fabricando uma joia.
Ele cria uma obra única, pois nunca será repetida exatamente. Há sempre uma
pequena diferença marcando a pulsação das mãos, uma energia vital que a máquina
não pode transmitir. O trabalho manual integra o homem ao seu meio. A máquina
não pode sufocá-lo. Seja como “hobby” ou profissão, como forma de terapia ou
sobrevivência, o trabalho das mãos tem o seu papel que é fundamental e
necessário. A aceleração do progresso tecnológico vai sufocando aos poucos
todos os nossos recursos internos. A máquina tirou das mãos do homem o trabalho
paciente (time is money) os computadores restringem seu raciocínio. A
civilização nos trouxe a rapidez de produção e todas as facilidades para a
aquisição de conhecimentos mas, a criatividade é necessária para restabelecer o
equilíbrio do homem moderno. Criatividade que vai do arranjo de flores num vaso
ao modelado do próprio vaso de argila. Da necessidade de combinar cores à
necessidade de combinar sons ou palavras. Mas, seja modelando a matéria
palpável, ou lidando com ideias, palavras e sons, a criatividade humana terá de
se manifestar, caso contrário, o homem se massificará.
*Fotos da internet
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