quinta-feira, 4 de junho de 2015

TRÊS PIERRES E A ECOLOGIA DO SER


 Recebi de Maurício Andrés Ribeiro, o texto que transcrevo abaixo:                                   

 “O estudo da evolução da vida e da consciência assenta-se sobre algumas pedras fundamentais. Três Pierres, com visão cósmica e prospectiva, contribuíram para compreendê-la.

Pierre Teilhard de Chardin, padre e cientista com vivência na China, estudou a evolução e o fenômeno humano. Elaborou o conceito de noosfera, o conjunto de energias mentais, pensamentos, informações, geradas ou captadas desde o início da vida, que constitui uma sutil camada de consciência que circunda o planeta. Teilhard de Chardin propõe que a evolução promove a convergência de forças ascendentes para um ponto ômega.
 Pierre Dansereau, botânico e biogeógrafo do Quebec, no Canadá, foi um pioneiro da ecologia humana. Transportando-nos numa viagem no tempo, ele desenhou um diagrama no qual sintetizou as várias etapas na relação do ser humano com o ambiente. Desde a pré história até a atualidade, houve a fase da coleta de frutos e depois a caça e a pesca; em seguida, o pastoreio, com a domesticação de espécies animais; a domesticação dos vegetais, na revolução agrícola. No século XVIII a revolução industrial amplificou os impactos da ação humana sobre a natureza. Na segunda metade do século XX veio a urbanização acelerada. Vivemos a transição entre as fases da urbanização e a do controle climático. Como nona etapa, prospectiva, ele caracterizou a fuga exobiológica, ou transmigração, prenunciada pelas viagens espaciais.
Sua imaginação e inventividade estão presentes na mandala em que ele nos transporta para uma viagem por várias escalas, do pequeno ao grande, do ser humano interior até a família, a cidade, a região e o planeta. No centro dessa mandala ele situou o homem interior e as diversas percepções que tem sobre as paisagens exteriores em função de seus interesses, formações e condicionamentos culturais.  A compreensão dessa diversidade de estágios de consciência, ou noodiversidade, é básica nos processos de mediação de conflitos relacionados com a gestão ambiental. Pierre Dansereau incorporou a noosfera nos diagramas em que desenhou as interações entre a atmosfera, pirosfera, litosfera, hidrosfera, biosfera. Com isso, abriu o campo para integrar a subjetividade e as questões psicológicas às ciências ecológicas, para além da abordagem socioambiental.
Pierre Weil , psicólogo francês naturalizado brasileiro, trabalhou na perspectiva holística com a ecologia integral, que inclui a ecologia ambiental, a social e a ecologia interior. Formulou um método de transmitir a arte de viver em paz com a natureza, com a sociedade e consigo próprio e de reverter os desequilíbrios. Esse método é baseado no conhecimento das emoções, do corpo e do intelecto e no suposto de que a paz interior é fundamental para se alcançar a paz social e com a natureza. Buscou nas tradições do budismo tibetano elementos para trabalhar com os vários centros de energia do ser humano, os valores a eles associados e os comportamentos destrutivos ou positivos que derivam de tais valores.

As contribuições desses três Pierres – Teilhard de Chardin, Dansereau e Weil - ajudam a compreender as transformações da matéria inanimada para a vida e para a consciência.
A ecologia humana, a ecologia cultural, a ecologia pessoal e transpessoal e os demais campos das ciências ecológicas que buscam compreender a consciência humana são valiosos nesse período antropoceno da história. Esses campos, relacionados ao ser humano interior, subjetivo, psíquico, contribuem para o autoconhecimento sobre a espécie humana, que mostra capacidade crescente de, com suas ações, interferir sobre o rumo da evolução no planeta”. (Maurício Andrés Ribeiro é autor de Ecologizar, Tesouros da Índia; Meio Ambiente&EvoluçãoHumana.ecologizar@gmail.com  www.ecologizar.com.br)



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