No dia 25 de outubro de 2014 tivemos uma surpresa.
Luciano Luppi, o nosso talentoso ator, interpretou poemas de Fernando Pessoa no espetáculo "Outras Pessoas, ser ou não ser."
Lembrei-me novamente da Índia.
“Este é um lugar sagrado de arte, deixem as
preocupações do lado de fora”, dizia um cartaz à porta de uma sala de dança no
sul da Índia.
Realmente estávamos preocupados, alias o Brasil
estava preocupado e corria por todo o lado o mesmo assunto – política.
A recomendação de silêncio e reverência completa à
arte cênica não precisava de palavras. Ali estava o cenário, como uma
advertência.
Foi realmente impactante aquela figura imensa,
vestida de túnica escura, com uma máscara branca e luvas brancas. Confesso que
fiquei assustada, pois não esperava aquele primeiro choque. Não foi preciso
dizer que a turma de espectadores foi se assentando devagar, sem fazer barulho.
Dali em diante o espetáculo transcorreu com a maior seriedade, a palavra
acrescida e transmutada ao sabor da interpretação. Textos de Fernando Pessoa e
Shakespeare foram de certo modo o roteiro daquela viagem para um mundo além dos
interesses conflitantes do presente.
O silêncio foi necessário e aconteceu. As
palavras de Fernando Pessoa, o grande poeta português, foram nos dirigindo para
caminhos desconhecidos que só a arte pode desvendar. Ali as palavras não
estavam somente guardadas dentro de livros. Elas estavam vivas na
interpretação de Luciano e tocavam o
público como uma música. Ivana acompanhava os textos operando uma trilha sonora
condizente com a peça, despertando e conduzindo as emoções da platéia.
Realmente o silêncio era necessário, para que as
palavras do poeta português ecoassem por nossas montanhas.
No final, Luciano veio me oferecer o seu trabalho,
como um presente para o IMHA, agora com
nova sede no Retiro das Pedras.
Marília, como presidente, agradeceu a generosidade
dos artistas.
Este voluntariado, totalmente desapegado de
patrocínio, é uma benção que será aplaudida por todos nós.
Este é o nosso agradecimento .
Segue abaixo trecho de um poema de Fernando Pessoa:
“Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Sob a leve tutela
De deuses descuidosos,
Quero gastar as concedidas horas
Desta fadada vida.
Nada podendo contra
O ser que me fizeram,
Desejo ao menos que me haja o Fado
Dado a paz por destino.
Na verdade não quero
Mais que a vida; que os deuses
Dão vida e não verdade, nem talvez
Saibam qual a
verdade”
*Fotos de Ivana Andrés, Henrique Luppi e Maurício
Andrés
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