O
texto abaixo foi extraído do meu livro “Vivência e Arte”, editado nos anos 60.
“A
França desde o século XIX tornou-se o principal centro das artes. Seria então
justo lembrar, ao iniciar este trabalho sobre arte moderna, que a maioria dos
seus movimentos artísticos teve início em Paris e ali se desenvolveu.
Contra a arte decadente e imitativa da
academia, começaram a germinar em França as primeiras ideias revolucionárias.
Daí surgiu o movimento moderno de renovação. A arte passou, novamente, a ser
vivida pelos artistas como fonte de criação pura, e não imitação da natureza.
Como pesquisa, e não submissão. Como experiência pessoal, e não cópia servil.
Não falo aqui, especialmente, da arte abstrata, mas da abstração na obra de
arte, qualidade essencial, indispensável, para haver criação autêntica.
O artista pode partir do modelo, mas
depois transforma linhas, muda cores e cai na abstração. O que a arte moderna
fez foi, justamente, recapitular estas verdades, esquecidas pelo academismo. A
revolução moderna foi um despertar do sono e do espírito de acomodação,
dominante até o princípio do século XIX, para redescobrir valores e concepções
eternas da verdadeira arte.
Segundo Flávio de Aquino, inventar foi
o grande feito do nosso século, em todos os terrenos do conhecimento humano".
Inventar, também, foi a maior realidade da arte contemporânea, acompanhando o
progresso científico do século XX.
Com a inquietação dos artistas
modernos, ávidos de liberdade, mundos desconhecidos foram revelados e a arte
passou a ser a expressão de sentimentos puros, transfigurados pela
personalidade dos autores.
Segundo Pe. Collet, "a arte é a
impressão digital duma civilização. Transmite, de certo modo, aos séculos seguintes,
o testemunho vivo do melhor e do pior da época, e antecipa também o futuro,
pois o artista, mesmo inconscientemente, recebeu o dom da profecia."
Não são as telas de Chagall, cheias de
um surrealismo lírico, como que uma visão antecipada dos acontecimentos mais
recentes, que movimentaram o mundo, como sejam a conquista dos espaços
interplanetários?
Vivemos no século da máquina, da
indústria, as descobertas científicas tentando dominar as forças do espírito,
pela própria força da matéria. Esta preponderância da matéria sobre o espírito
marcou pela violência quase toda a arte do nosso tempo.
O século em que se inventaram os campos
de concentração, que deu origem a duas guerras implacáveis, em que se descobriu
a força destruidora da energia atômica, que usou do progresso material contra
todos os direitos da pessoa humana, não mereceu outra ilustração a não ser a Guernica de Picasso.
*Fotos
da internet
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