terça-feira, 1 de abril de 2014

O IMPACTO DO SER HUMANO NA EVOLUÇÃO DO PLANETA

Recebi de Maurício Andrés o texto abaixo, que considero importantíssimo para a conscientização dos problemas atuais do nosso planeta.
“A partir da segunda metade do século XX, com a revolução da informática e do conhecimento, a espécie humana ampliou sua capacidade de transformar a paisagem do planeta Terra e a biodiversidade.
Como o ser humano tornou-se um agente que influi no curso da evolução, as características do planeta que o hospeda são crescentemente influenciadas por sua consciência, por seu conhecimento, bem como pelas atitudes e comportamentos que adota individual ou coletivamente.
A espécie humana, por meio de sua cultura, ciência e tecnologia, é capaz de influir sobre o rumo da evolução, ao modificar geneticamente espécies existentes, num processo de seleção artificial. Uma pequena parte dos sete bilhões de seres humanos, com maior ciência e consciência, sabe que hoje ocorre uma grande extinção de espécies vivas; sabe que as atividades de nossa espécie são uma das causas dessas transformações e que elas afetam mais duramente alguns segmentos da sociedade do que outros; sabe que é possível influir no rumo da evolução. Nas grandes extinções anteriores não se colocavam questões éticas ou políticas, pois na natureza não existe o sentido do bem e do mal. No contexto atual, essas questões éticas fazem sentido, pois a humanidade é a única entre as espécies que dispõe da ética como um fator de seleção.
Postura ética e política diante dessa crise exige a aplicação de valores tais como o da harmonia e da não violência. A ética política busca a liberdade e o bem viver para todos ao evitar a guerra, a violência, as relações indesejáveis, negativas, antagônicas e desarmônicas como a predação, o parasitismo e a defesa de privilégios, o escravagismo, as dominações social e politicamente injustas.
O ambientalista José Lutzenberger utilizou linguagem poética para alertar que
"Só o cego intelectual, o imediatista, não se maravilha diante desta multiesplendorosa sinfonia, não se dá conta de que toda agressão a ela é uma agressão a nós mesmos, pois dela somos apenas parte. A contemplação do inimaginavelmente longo espaço de tempo que foi necessário para a elaboração da partitura e o que resta de tempo pela frente para um desdobramento ainda maior do espetáculo até que se apague o Sol só pode levar ao êxtase e à humildade. Assim, o grande Albert Schweitzer enunciou como princípio básico de Ética 'o princípio fundamental‘ da reverência pela Vida em todas as suas formas e manifestações'! Se há um pecado grave, esse é frear a Vida em seu desdobramento, eliminar espécies irremediavelmente, arrasar paisagens, matar oceanos" (LUTZENBERGER, 1970, p. 85).
O ser humano interfere sobre o curso da evolução biológica e cultural no planeta. Isso poderá, num cenário pessimista, levar ao autoextermínio da espécie; num cenário mediano, a uma degradação crescente; e num cenário otimista, pode levar ao aprimoramento do próprio processo evolutivo e do ambiente em que vivemos.
O futuro do ser humano está em jogo. Não sabemos que tipo de ambiente, de climas e que espécies emergirão ao final da atual mudança de era. É uma incógnita se emergiremos ao final desse processo como uma espécie aprimorada ou se nos extinguiremos, juntamente com outros milhares de espécies, incapazes de se adaptarem às novas condições ambientais.
Nossa espécie de seres em transição tanto pode ser incapaz de se adaptar às novas condições climáticas e ambientais e  sucumbir, como pode adaptar-se a elas, evoluir para uma nova espécie com outra consciência e outro comportamento, saindo melhorada e amadurecida ao final dessa época turbulenta. Por meio de novos instrumentos e ferramentas, pode expandir sua capacidade mental. Por meio de valores aprimorados, melhorar a qualidade de suas atitudes e comportamentos. Pode passar, conscientemente, a produzir o ambiente e o clima, tornando-se efetivamente indutora da evolução.” (Maurício Andrés,  trecho do livro Meio Ambiente & Evolução Humana, Editora Senac, Sao Paulo 2013, pgs 48 e 49.)

·        Ilustrações de Maria Helena Andrés


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