Maurício Andrés chegou recentemente de São
Paulo, onde lançou o livro Meio Ambiente e Evolução Humana. Publicamos abaixo
sua entrevista para este blog:
Em que contexto foi publicado seu novo livro?
“Meio Ambiente & Evolução Humana é título de livro publicado pela
Editora SENAC em 2013, que integra a Série Meio Ambiente, coordenada por José
de Ávila Aguiar Coimbra. Ele foi lançado no dia 7 de junho em São Paulo,
juntamente com outros cinco livros da série, que trataram sobre meio ambiente e
Escola, Economia, Química, Teologia e Botânica. Houve duas mesas redondas
coordenadas pelo professor Ávila e um coquetel na Livraria Martins Fontes, na
Avenida Paulista.”
Como e onde teve origem esse livro?
“Este livro começou a nascer quando fui estudar na Índia como
pesquisador visitante do CNPq, no Instituto Indiano de administração em
Bangalore, há 35 anos. Tomei contato, então, com a obra de Sri Aurobindo e com
sua concepção do ser humano como um ser em transição. Ele abordou a jornada
humana a partir da perspectiva evolucionista. A Índia é uma civilização movida
por valores espirituais, pela cultura védica milenar, e cuja cosmologia
estimula comportamentos amigáveis em relação ao ambiente. Ali se aplica o
principio da não violência, usado por Gandhi na luta pela independência e
estendido ao mundo animal; o vegetarianismo; a ioga com a consciência do corpo
e as posturas corporais (asanas) e consciência da respiração (pranayama). A
psicologia é refinada e aceita a existência de níveis superiores da
consciência: para cada palavra de psicologia em inglês há 4 em alemão e 40 em
sânscrito. A civilização indiana tem grandes contribuições a nos oferecer para
o entendimento mais integral do ser humano, como indivíduo, população e
espécie.”
Qual a importância de ter uma visão integral da ecologia?
“Desde que me formei em arquitetura, envolvi-me com temas
ambientais. A partir da década dos anos 90, fui gestor ambiental municipal,
estadual e depois nacional. Nesse processo, inspirei-me na obra de Pierre
Dansereau, botânico e geógrafo canadense, que tinha uma cosmovisão abrangente
das questões ecológicas. Eu dedico o livro a ele, um de meus grandes gurus
nesse tema. Eu também me inspirei na abordagem de Pierre Weil, psicólogo que
criou a Unipaz, que teve uma visão integradora das ecologias e que reconhecia a
importância da ecologia interior.”
Como se pode abordar o tema da corrupção a partir do enfoque ecológico?
“Um dos textos aplica a abordagem ecológica ao tema da corrupção.
Os corruptores são predadores que tratam a sociedade como sua presa; são
parasitas que sugam a sociedade que os hospeda e nutre. Há na corrupção,
relações ecológicas desarmônicas de parasitismo e de predação.”
Por que focalizar o tema da evolução humana?
“O livro nos situa no período antropoceno da história da Terra, no
qual nossa espécie é a dominante. Em seguida focaliza o homo sapiens, esse
ser que produz grandes transformações no planeta. Suas motivações, interesses,
desejos, emoções, sentimentos e afetos, além de pensamentos, movem suas ações.
O livro examina alguns dos papeis que essa espécie tem hoje na evolução, da
qual se tornou co-gestora. Procurei focalizar a ecologia do ser numa visão
integradora.
Em seguida o livro focaliza a ecologia do ser, procura compreender o ser
humano, como espécie, a partir da abordagem ecológica. Fala sobre o nosso
corpo, que é ele próprio um ecossistema no qual vivem bilhões de micro
organismos – vírus, bactérias, fungos etc. Fala da interação entre corpo, mente
emoções e como cada um deles influi sobre os demais. Em seguida fala sobre a
consciência, visões orientais ocidentais. Aqui novamente me inspiro nos
conhecimentos que aprendi na Índia, especialmente na raja ioga e com Sri
Aurobindo, com a ioga integral, uma forma de alterar estados de consciência. E
também faço referencia à noosfera de Teilhard de Chardin, à noodiversidade – a
diversidade de estágios e níveis de consciência e a noética.”
O que é a consciência ecológica?
“O livro trata da consciência ecológica, como um estado de
consciência que nos faz vivenciar a unidade do ser com o ambiente. Fala sobre o
mito da sustentabilidade- no sentido que lhe dá Joseph Campbell, de um mito
unificador necessário para convergir energias e motivações humanas. E novamente
traz conhecimentos sobre a cultura ecológica na Índia, baseada em valores e que
se reflete em comportamentos e seus impactos no mundo físico e material.”
Qual a importância do autoconhecimento?
"Ó espécie humana, conhece-te a ti mesma e conhecerás o
ambiente e o universo em que vives". Essa máxima resume o espírito do
livro. O autoconhecimento é um recurso valioso que pode nos ajudar a lidar com
as circunstancias desse momento de crise ecológica e de crise da evolução.”
(Maurício Andrés é autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia - www.ecologizar.com.br / ecologizar@gmail.com)
*Fotos
de arquivo
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