terça-feira, 9 de julho de 2013

CINCO ARTISTAS, CINCO PROPOSTAS

Morar em Minas Gerais, para qualquer tipo de arte, significa persistência e dedicação ao trabalho, apesar de todas as dificuldades e resistências.
Na década de 1950, quando uma turma de jovens artistas, alunos de Guignard, se emancipou da pintura figurativa para abraçar o construtivismo, uma nova mentalidade se formou em Minas. A arte não precisava necessariamente de copiar a natureza, mas de criar uma nova idéia. Seja lá como for a denominação, vanguarda ou neovanguarda, o fato é que a arte como idéia criadora sobrevive e se manifesta de maneiras diversas, de acordo com a criatividade de cada um.
Essa exposição coletiva de 5 artistas, aberta com grande sucesso na Galeria Errol Flynn, mostra em seu conjunto a unidade na multiplicidade própria  do espírito do artista mineiro. Cada um segue o seu caminho, abraça uma idéia diferente, mas todos revelam sua ligação com a terra e a persistência do mineiro, fora do famoso eixo Rio-São Paulo.
A exposição merece ser vista e estudada. Todos se harmonizam numa trilha sonora de notas diversas, como se os sons da terra pudessem falar. Ali estão as propostas de Eymard Brandão, tiradas das cores e pedras dos chãos de Minas. Em seguida, as obras de Paulo Laender, em pintura, escultura e desenho, que estão ligadas à nossa tradição barroca. O ferro, extraído da terra é a base da escultura de Jorge dos Anjos, que faz ressurgir a inspiração dos negros em Minas. Roberto Vieira busca o solo de Minas e dali extrai a matéria necessária para fazer as suas composições e objetos de parede.
Mas, Minas tem também um outro aspecto  vindo da contemplação das montanhas. As propostas de Jayme Reis ilustram bem essa necessidade de voar mais alto, além da terra. Seus temas nos revelam a vontade de se transportar, viajar, percorrer outras regiões. Jayme nos mostra esse tema, construindo barcos, aviões, objetos aéreos. Estamos vivendo uma época de comunicações que ultrapassa os limites do espaço físico.

Viajar, percorrer outros mundos, sempre foi o sonho dos artistas. E, nessa exposição, todos já tiveram a sua experiência de se mandar pelo mundo afora e um dia retornar. Paulo Laender, através da internet, se comunica com o mundo e raramente expõe em galerias. Já o encontrei na Índia, no meio de uma confusão numa rua em Delhi. Em 1992, Paulo Laender participou de coletivas na Europa. Eymard esteve comigo em Adyar, sul da Índia, adaptou-se tranquilamente aos hábitos do indiano. Em 1982, Eymard participou de coletivas na Índia e de uma exposição em Londres. Jorge dos Anjos esteve recentemente na Alemanha e Bélgica, levando o nosso Brasil para a Europa. Roberto Vieira representou o Brasil numa coletiva de brasileiros em Bruxelas e Jayme Reis esteve presente na Espanha e participou de vários concursos de arte erótica em Barcelona.
Assim, cada um a seu modo, mesmo residindo aqui nas montanhas, já teve a sua oportunidade fora do Brasil. Viver em Minas é aproveitar o que a terra oferece, para depois trazer de volta, em atitude de reverência, a própria inspiração da terra em forma de arte.
Quem percorrer a exposição descobrirá por si mesmo, a título de participação, um pouco de nossa terra nas obras expostas.

Fotos de Tina Carvalhaes


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