Recebi de Maurício Andrés, autor do livro TESOUROS DA
ÍNDIA, o texto abaixo sobre Arte e Educação na Índia.
Civilização milenar, com rica tradição cultural e
filosófica, a Índia sempre priorizou o conhecimento sobre a consciência e a
educação. Os acúmulos ali produzidos são valiosos no mundo moderno em busca de
sustentabilidade.
Anjum Sibia, em livro sobre uma escola pioneira, diz
que “A historia e a filosofia da educação na Índia mostram que o tema recebeu
alta prioridade desde a pré-história, os Vedas, Upanishads, a Gita, as
escrituras budistas e jainistas, até o período medieval e de domínio britânico,
chegando aos sistemas pós-coloniais de educação tradicional.” Os objetivos e
métodos variaram: da transmissão da literatura sagrada por meio de memorização,
acentuação e entonação corretas na transmissão oral; ao ensino sistemático de
leitura, redação, língua e aritmética. “Estudantes eram instruídos quanto à
conduta adequada, moralidade e noções de humildade e dever, numa pedagogia
oral, repetitiva e baseada em exemplos.” Os colonizadores ingleses introduziram
um sistema de educação desvinculada das experiências da criança indiana, no
qual os estudantes eram forçados a memorizar a informação. Os professores exerciam a autoridade e
impunham a aquisição passiva de conhecimentos pela repetição. Havia sobrecarga
de informação nos livros-texto. Análise e raciocínio, pensamentos de ordem
superior, não eram estimulados.
1.
Filosofias da educação na Índia
A civilização indiana tem uma concepção generosa do
que é o ser humano e a criança, considerada como uma alma em evolução. Ali se
desenvolveram uma filosofia e uma psicologia refinadas (para cada termo de
psicologia em inglês, há quatro em alemão e quarenta em sânscrito), e se estudaram
a fundo a mente e as emoções. Ali se desenvolveram praticas de respiração para
tornar a mente mais lúcida e clara (a pranayama na ioga) e se desenvolveram
posturas corporais que facilitam a concentração da mente (as asanas).
Desenvolveu-se o estudo da mente, do cérebro, dos tipos de temperamentos, das
habilidades e capacidades para aprender, relacionadas com os variados tipos de
indivíduos. Essa concepção integral do ser com o corpo, mente, emoções, o eu
profundo e o espírito está na base do modelo mental ali desenvolvido e daí
decorrem varias praticas e técnicas para a aprendizagem.
Sábios e pensadores, tais como Sri Aurobindo, Tagore,
Krishnamurti, Vivekananda, Gandhi e outros pensaram sobre a educação e seus
objetivos. Sibia nos relata que Gandhi acreditava que a educação deveria
representar o ethos indiano e que os professores deveriam ser virtuosos. Para Gandhi a educação é um processo “no qual
o individuo desenvolve o seu caráter, treina suas faculdades e aprende a
controlar suas paixões para o serviço à comunidade”. Tagore defendia uma
educação que levasse a um “desenvolvimento integrado e multilateral da
personalidade humana”, que deveria ser criativa e em contato com a vida
econômica, intelectual, estética, social e espiritual das pessoas. Vivekananda
enfatizava a realização da perfeição no ser humano e a educação como o revelar
gradual das qualidades intrínsecas dos indivíduos; defendia que nenhum
conhecimento vem de fora para dentro. A educação deve desenvolver a
individualidade, o processo de revelar o que está implícito no individuo e
desenvolver suas potencialidades latentes até que se realizem. É uma educação
compreensiva, com o objetivo de desenvolver a personalidade total do individuo
em harmonia com a sociedade e a natureza.Vivekananda dizia que sem concentração
da mente nada pode ser aprendido.
(*) Autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia www.ecologizar.com.br
*Fotos de Maurício Andrés e da internet
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