terça-feira, 4 de junho de 2013

ARTE E EDUCAÇÃO NA ÍNDIA I

Recebi de Maurício Andrés, autor do livro TESOUROS DA ÍNDIA, o texto abaixo sobre Arte e Educação na Índia.

Civilização milenar, com rica tradição cultural e filosófica, a Índia sempre priorizou o conhecimento sobre a consciência e a educação. Os acúmulos ali produzidos são valiosos no mundo moderno em busca de sustentabilidade.
Anjum Sibia, em livro sobre uma escola pioneira, diz que “A historia e a filosofia da educação na Índia mostram que o tema recebeu alta prioridade desde a pré-história, os Vedas, Upanishads, a Gita, as escrituras budistas e jainistas, até o período medieval e de domínio britânico, chegando aos sistemas pós-coloniais de educação tradicional.” Os objetivos e métodos variaram: da transmissão da literatura sagrada por meio de memorização, acentuação e entonação corretas na transmissão oral; ao ensino sistemático de leitura, redação, língua e aritmética. “Estudantes eram instruídos quanto à conduta adequada, moralidade e noções de humildade e dever, numa pedagogia oral, repetitiva e baseada em exemplos.” Os colonizadores ingleses introduziram um sistema de educação desvinculada das experiências da criança indiana, no qual os estudantes eram forçados a memorizar a informação.  Os professores exerciam a autoridade e impunham a aquisição passiva de conhecimentos pela repetição. Havia sobrecarga de informação nos livros-texto. Análise e raciocínio, pensamentos de ordem superior, não eram estimulados.

1.     Filosofias da educação na Índia

A civilização indiana tem uma concepção generosa do que é o ser humano e a criança, considerada como uma alma em evolução. Ali se desenvolveram uma filosofia e uma psicologia refinadas (para cada termo de psicologia em inglês, há quatro em alemão e quarenta em sânscrito), e se estudaram a fundo a mente e as emoções. Ali se desenvolveram praticas de respiração para tornar a mente mais lúcida e clara (a pranayama na ioga) e se desenvolveram posturas corporais que facilitam a concentração da mente (as asanas). Desenvolveu-se o estudo da mente, do cérebro, dos tipos de temperamentos, das habilidades e capacidades para aprender, relacionadas com os variados tipos de indivíduos. Essa concepção integral do ser com o corpo, mente, emoções, o eu profundo e o espírito está na base do modelo mental ali desenvolvido e daí decorrem varias praticas e técnicas para a aprendizagem.
Sábios e pensadores, tais como Sri Aurobindo, Tagore, Krishnamurti, Vivekananda, Gandhi e outros pensaram sobre a educação e seus objetivos. Sibia nos relata que Gandhi acreditava que a educação deveria representar o ethos indiano e que os professores deveriam ser virtuosos.  Para Gandhi a educação é um processo “no qual o individuo desenvolve o seu caráter, treina suas faculdades e aprende a controlar suas paixões para o serviço à comunidade”. Tagore defendia uma educação que levasse a um “desenvolvimento integrado e multilateral da personalidade humana”, que deveria ser criativa e em contato com a vida econômica, intelectual, estética, social e espiritual das pessoas. Vivekananda enfatizava a realização da perfeição no ser humano e a educação como o revelar gradual das qualidades intrínsecas dos indivíduos; defendia que nenhum conhecimento vem de fora para dentro. A educação deve desenvolver a individualidade, o processo de revelar o que está implícito no individuo e desenvolver suas potencialidades latentes até que se realizem. É uma educação compreensiva, com o objetivo de desenvolver a personalidade total do individuo em harmonia com a sociedade e a natureza.Vivekananda dizia que sem concentração da mente nada pode ser aprendido.

(*) Autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia www.ecologizar.com.br


 *Fotos de Maurício Andrés e da internet

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