Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
domingo, 30 de junho de 2013
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA
No 11º Seminário Meio Ambiente e Cidadania promovido pelo jornal Hoje em
Dia, em Belo Horizonte, em 12 de junho, Maurício Andrés participou de mesa
redonda sobre “O desafios das mudanças climáticas – energias limpas para um
planeta sustentável”.
Ali ele disse que nos encontramos num momento crucial, no qual ocorre a
6ª grande extinção de espécies. Nas extinções anteriores, foram eventos
externos que as provocaram, tais como erupções vulcânicas gigantescas ou o
choque de corpo celeste que extinguiu os dinossauros ao mudar o clima e suas
condições de sobrevivência. Desta vez, o homo sapiens é o grande transformador
do clima e do ambiente. Disse concordar com o pesquisador americano Amory
Lovins quando afirma que a energia mais limpa é a que se deixa de usar. Tudo o
que pudermos fazer para minimizar o uso de energia é benéfico para o ambiente:
reduzir desperdícios nas atitudes e hábitos cotidianos, reduzir o consumismo (o
que inclui reduzir o viajismo, o consumismo em viagens); adotar hábitos
alimentares mais eficientes do ponto de vista da ecologia energética, reduzindo
o consumo de carne etc.(isso ajuda a proteger as florestas e evitar o
desmatamento, entre outros benefícios).
Também é muito relevante, especialmente para os engenheiros, arquitetos
e designers, projetar bens que façam o menor uso de materiais e de energia para
proporcionar o máximo de conforto. (Buckminster Fuller foi um mestre nesse
campo do ecodesign, com seus domos geodésicos).
A biomassa é uma forma de uso eficiente da energia solar, feita naturalmente
pelas plantas a partir da fotossíntese. No Brasil, é uma fonte relevante de
energia, pois somos um país tropical com muita incidência solar.
Outras formas de uso da energia solar - como, por exemplo, por meio de
painéis fotovoltaicos, também são adequadas em cidades, para aquecimento de
água e para evitar o uso de chuveiros elétricos em horas de pico de demanda.
Da mesma forma, na mobilidade urbana, privilegiar o uso da energia
humana, por meio de ciclovias e de ruas de pedestres, pode ajudar a limpar o ar
das cidades, poluído pelo trânsito motorizado. Citou o premio Sasakawa recebido
por Belo Horizonte, por ter criado maneira de agir em cooperação entre
moradores, empresas de serviços públicos e empresas privadas na inspeção dos 80
pontos de perigo de inundações e áreas de risco de deslizamento, zonas de
desastre em potencial existentes na cidade.
Mauricio enfatizou que, além de usar energias limpas e renováveis, de
mudar hábitos de consumo, ressaltando os hábitos alimentares, e de medidas de adaptação
aos eventos climáticos extremos, a mais importante energia limpa e renovável é
a energia da consciência humana. Ela pode imaginar e criar maneiras de lidar
criativamente com as mudanças climáticas.
O seminário contou com a palestra do navegador Amyr Klink, que falou de
suas experiências na Antártica e com a arquitetura naval.
Fotos da internet
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terça-feira, 18 de junho de 2013
ARTES VISUAIS EM MINAS GERAIS
A historiadora Marília Andrés Ribeiro acaba de lançar um novo livro Introdução às artes visuais em Minas Gerais onde aborda um panorama da arte mineira moderna e contemporânea desde a implantação da Escola Guignard até os projetos atuais. Marília discute o contexto histórico e o circuito artístico, e divide o livro em três momentos interligados: o modernismo (anos 1940/50), as neovanguardas (décadas de 1960/70) e a arte contemporânea (anos 1980 até o inicio do nosso milênio).
Em 1997, Marília publicou o livro Neovanguardas: Belo Horizonte, anos 60 que, segundo o crítico Frederico Morais “é uma referência bibliográfica obrigatória para todos os estudiosos da história da arte moderna e contemporânea brasileira, em um de seus capítulos mais atraentes”. No seu prefácio para o este novo livro, Frederico Morais continua: “Bastaria aquele livro sobre as neovanguardas em Belo Horizonte na década de 1960, para consagrar Marília Andrés Ribeiro”.
As neovanguardas ilustram uma passagem histórica de grande importância para a compreensão da arte como rompimento de estruturas arcaicas e incentivadora de novos caminhos. “Com efeito”, nos diz Frederico, “foi na capital mineira, entre 1964 e 1973, aproximadamente, que se levaram a cabo algumas das propostas mais arrojadas e polêmicas da plástica brasileira de vanguarda, apoiadas por uma crítica militante e criativa”.
O prefácio de Frederico, muito claro, vai mostrando os acontecimentos que impulsionaram os artistas a se manifestarem. Nos salões da Reitoria os artistas e os críticos se reuniam para combater o paisagismo repetitivo dos seguidores de Guignard, e, principalmente, a situação de extrema repressão que se instalou no Brasil com o regime militar. No itinerário das neovanguardas, Marília transmite a sua alma de política libertária.
Frederico Morais, escolhido pela autora para prefaciar seu livro, exerceu em Minas um grande papel, como incentivador de novos caminhos e defensor da liberdade de expressão. Ninguém melhor para prefaciar este livro sobre as artes visuais em Minas Gerais doque Frederico Morais, crítico e artista, radicado no Rio de Janeiro, mas grande conhecedor dos movimentos de arte que tumultuaram uma sociedade arraigada à tradição: a “tradicional família mineira”.
Neste livro atual, Marília analisa as artes visuais em Minas, acompanhando as diversas fases e mudanças que nos fizeram chegar até a arte contemporânea e a nossa mineiridade como uma energia sempre atuante fora do eixo Rio/São Paulo. De Minas para o mundo é o que eu sinto quando acompanho a nossa mutação, desde o esplendor do barroco mineiro até os dias atuais. Arte e vida sempre juntas, levantando bandeiras!
Lembramos aqui as palavras de Cecília Meirelles para o Romanceiro da Inconfidência:
“E a bandeira já está viva e sobe na noite imensa, mas seus tristes inventores já são réus pois se atreveram a falar de liberdade que ninguém sabe o que seja”.
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terça-feira, 4 de junho de 2013
ARTE E EDUCAÇÃO NA ÍNDIA I
Recebi de Maurício Andrés, autor do livro TESOUROS DA
ÍNDIA, o texto abaixo sobre Arte e Educação na Índia.
Civilização milenar, com rica tradição cultural e
filosófica, a Índia sempre priorizou o conhecimento sobre a consciência e a
educação. Os acúmulos ali produzidos são valiosos no mundo moderno em busca de
sustentabilidade.
Anjum Sibia, em livro sobre uma escola pioneira, diz
que “A historia e a filosofia da educação na Índia mostram que o tema recebeu
alta prioridade desde a pré-história, os Vedas, Upanishads, a Gita, as
escrituras budistas e jainistas, até o período medieval e de domínio britânico,
chegando aos sistemas pós-coloniais de educação tradicional.” Os objetivos e
métodos variaram: da transmissão da literatura sagrada por meio de memorização,
acentuação e entonação corretas na transmissão oral; ao ensino sistemático de
leitura, redação, língua e aritmética. “Estudantes eram instruídos quanto à
conduta adequada, moralidade e noções de humildade e dever, numa pedagogia
oral, repetitiva e baseada em exemplos.” Os colonizadores ingleses introduziram
um sistema de educação desvinculada das experiências da criança indiana, no
qual os estudantes eram forçados a memorizar a informação. Os professores exerciam a autoridade e
impunham a aquisição passiva de conhecimentos pela repetição. Havia sobrecarga
de informação nos livros-texto. Análise e raciocínio, pensamentos de ordem
superior, não eram estimulados.
1.
Filosofias da educação na Índia
A civilização indiana tem uma concepção generosa do
que é o ser humano e a criança, considerada como uma alma em evolução. Ali se
desenvolveram uma filosofia e uma psicologia refinadas (para cada termo de
psicologia em inglês, há quatro em alemão e quarenta em sânscrito), e se estudaram
a fundo a mente e as emoções. Ali se desenvolveram praticas de respiração para
tornar a mente mais lúcida e clara (a pranayama na ioga) e se desenvolveram
posturas corporais que facilitam a concentração da mente (as asanas).
Desenvolveu-se o estudo da mente, do cérebro, dos tipos de temperamentos, das
habilidades e capacidades para aprender, relacionadas com os variados tipos de
indivíduos. Essa concepção integral do ser com o corpo, mente, emoções, o eu
profundo e o espírito está na base do modelo mental ali desenvolvido e daí
decorrem varias praticas e técnicas para a aprendizagem.
Sábios e pensadores, tais como Sri Aurobindo, Tagore,
Krishnamurti, Vivekananda, Gandhi e outros pensaram sobre a educação e seus
objetivos. Sibia nos relata que Gandhi acreditava que a educação deveria
representar o ethos indiano e que os professores deveriam ser virtuosos. Para Gandhi a educação é um processo “no qual
o individuo desenvolve o seu caráter, treina suas faculdades e aprende a
controlar suas paixões para o serviço à comunidade”. Tagore defendia uma
educação que levasse a um “desenvolvimento integrado e multilateral da
personalidade humana”, que deveria ser criativa e em contato com a vida
econômica, intelectual, estética, social e espiritual das pessoas. Vivekananda
enfatizava a realização da perfeição no ser humano e a educação como o revelar
gradual das qualidades intrínsecas dos indivíduos; defendia que nenhum
conhecimento vem de fora para dentro. A educação deve desenvolver a
individualidade, o processo de revelar o que está implícito no individuo e
desenvolver suas potencialidades latentes até que se realizem. É uma educação
compreensiva, com o objetivo de desenvolver a personalidade total do individuo
em harmonia com a sociedade e a natureza.Vivekananda dizia que sem concentração
da mente nada pode ser aprendido.
(*) Autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia www.ecologizar.com.br
*Fotos de Maurício Andrés e da internet
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