Sempre gostei de
desenhar e pintar veleiros. Talvez seja pela estrutura dos mastros que
energeticamente sustentam a fluidez das velas – navegantes do espaço. No
momento me encontro no Museu do Rio de Janeiro, junto à baía da Guanabara. Do
outro lado da baía, está Niterói, abrigando outro museu, obra famosa de Oscar
Niemeyer. Deste museu onde estou observando os barcos em frente, imagino o
túnel que está sendo criado para se chegar até lá, onde estão outras obras de
arte.
O diretor do MAR, Museu
de Arte do Rio, nos mostrou os diversos espaços destinados às obras do passado
e do presente.
O MAR é um grande navio
parado no porto, um navio ancorado e cheio de obras primas da arte brasileira.
As obras vão desfilando aos nossos olhos, mostrando o Rio desde épocas remotas,
quando ainda não havia a fotografia, um Rio de Janeiro sempre belo, desde a
época do descobrimento até os dias de hoje. Começamos pela parte de cima, onde
estão os paisagistas vindos de outras terras, até os andares de baixo com
enormes salões. Neles a arte moderna e a arte contemporânea vão descortinando
outra história, a do Brasil ventilado pelo sopro da Europa, brasileiros se
unindo a outras terras, num abraço confraternizador. Isto porque o abraço feito
através da arte é sempre confraternizador, ele nos lembra que somos todos
irmãos e não existem diferenças. Colecionadores nos mostram o quanto de amor
foi necessário para reunir obras em seu precioso acervo, cedido com
generosidade ao público. Acervos bem escolhidos devem ser mostrados e, no
momento, parabenizo o acervo da coleção Fadel, sobre o construtivismo
brasileiro. As obras da exposição Vontade
Construtiva têm uma seqüência, se harmonizam em qualidade e precisão. Ali
estão os meus grandes amigos do passado, Volpi, Maria Leontina, Mário Silésio,
Marília Giannetti, Franz Weissmann, Amilcar de Castro. Meu quadro está junto
deles e vai me trazendo lembranças da época, quando o concretismo surgiu no
Brasil, para nos conduzir à disciplina do traço, da linha, das cores chapadas,
da valorização da forma por ela mesma, sem necessidade de significar algo. Um
passeio pelo concretismo é uma caminhada até nossa própria origem indígena e a
fusão harmoniosa desta origem com a mensagem vinda de fora, do continente europeu.
“Eu nunca te
encontraria, se já não estivesses comigo”. Esta frase de Saint Exupery nos faz
lembrar a razão pela qual o construtivismo vigorou com tanta energia no Brasil,
que já estava há séculos preparado para recebê-lo.
A coleção
construtivista de Fadel é uma jóia de arte que deve ser mostrada e, sobretudo,
muito estudada.Os curadores revelaram uma vontade construtiva na forma
harmoniosa como colocaram os quadros nas paredes.
Fui convidada para pronunciar uma palestra sobre o construtivismo em Minas. Recordei aspectos ainda não divulgados, do nosso pequeno grupo, que abraçou com entusiasmo as novas idéias vindas de São Paulo, da 1° Bienal e assimiladas e transformadas nas montanhas mineiras. Ali estavam presentes o diretor cultural do museu, os curadores Paulo Herkenhoff e Roberto Conduru. Ao final ficou decidido que eu voltaria em junho para repetir a palestra para um público maior.
*Fotos de Marília
Andrés e Alice Andrés.
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obrigada, Maria Helena, por inspirar-nos a sermos melhores. Muito carinho Marilia de Castro
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