Para nos compreendermos como uma síntese do universo, devemos começar
com a educação de todas as potencialidades contidas em nosso corpo, de nossos
movimentos e vibrações mais sutis. Somente correspondendo à grandeza do
mecanismo de nosso próprio corpo, de nosso psiquismo e de nossa mente com todo
o seu potencial, poderemos alcançar a realização de nós mesmos como seres
humanos, vivos e habitantes de um planeta. A verdadeira paz “em escala
planetária” brota espontânea desse
conhecimento de nós mesmos. Só então seremos livres e poderemos repetir como o
oráculo de Delfos: “Conhece-te e sê livre”.
Muitas pessoas não sabem qual profissão seguir; as práticas de
autoconhecimento, a reflexão e a observação constante dos “sinais da vida”, ou
seja, estar atento ao fluir dos acontecimentos e às respostas que eles nos
trazem, podem ser úteis nesta descoberta. Se aprofundarmos o nosso conhecimento
profissional, melhoramos a qualidade do trabalho; mas, para que não sejamos
“especialistas fragmentados”, poderíamos enriquecer nosso dia a dia também com
atividades diversificadas. Essas, além de despertarem potencialidades dentro de
nós, nos harmonizam, possibilitando até um maior rendimento no trabalho.
Atualmente, os artistas estão compreendendo que o desenvolvimento de suas
aptidões artísticas não se destina apenas a apresentações públicas e ao reforço
do ego, mas ao trabalho muitas vezes anônimo de ajudar os outros a criar. A
evidência de tais acontecimentos eleva o conceito da arte para um plano
superior, onde ela encontra a reeducação do ser humano como princípio básico.
Antes, as pessoas só procuravam cursos de arte quando pretendiam seguir uma
carreira profissional. Hoje, essas atividades também são consideradas como
forma de harmonização do ser humano, além de despertar o lúdico e a alegria de
viver. Promovem não só o equilíbrio do indivíduo, mas também a melhoria de seu
relacionamento com outras pessoas e com o mundo à sua volta.
A partir do momento em que as pessoas reconhecem seus dons e talentos e
os desenvolvem partindo da própria essência, elas se realizam e passam a respeitar
os outros e a admirar as diferenças que existem em cada uma delas. Isto
contribui naturalmente para transformar atitudes de competição em cooperação e
revalorização do trabalho em equipe.
Num mundo globalizado, onde os valores econômicos são colocados de
forma prioritária, a arte pode parecer desnecessária. Porém cabe justamente a
ela o grande papel de harmonizadora de conflitos internos, vindo a influir mais
tarde nos conflitos externos da sociedade. Para haver a harmonização do ser
humano, torna-se necessária a união dos opostos, razão e intuição, o equilíbrio
do lado esquerdo e direito do cérebro. Também para a harmonização do planeta,
torna-se necessário o equilíbrio dos seus lados esquerdo e direito, que
correspondem à razão do mundo ocidental e à intuição do oriental.
A identificação do artista ou artesão com esse sentimento universal
produziu, desde épocas remotas, obras de arte que permanecem no tempo, com a
vitalidade do momento criador. Sentimos esta energia espiritual na arte dos
povos primitivos, nas esculturas egípcias, na arte pré- colombiana, na arte
cristã e na oriental. O gesto do artesão anônimo esculpindo a pedra ou
trabalhando a madeira era cheio de temor diante do invisível. Sintonizando o
movimento da mão com o movimento da alma, o artista ou artesão integrava-se ao
universo, associando a criatividade ao impulso místico. Sua arte expressava o
individual e a profundidade do sentimento universal. Acompanhando a evolução da
arte ao longo da história, podemos ver a importância da espiritualidade
estimulando a criação artística, desde as mais remotas civilizações. Lidando
com a terra, a água e o fogo, os artesãos se aproximam da essência do ser
humano, tocando, às vezes, os mesmos símbolos e arquétipos que inspiraram
outros artesãos em diferentes partes do mundo.
Finalizando, podemos dizer que a arte estendida à vida é a resposta que
diversos grupos de pessoas estão dando a um chamado cósmico de evolução do
planeta.
Fotos de Ivana Andrés
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