Alexandre Andrés formou-se em música pela UFMG em
dezembro de 2011. O tempo passou numa velocidade incrível. Lembro-me de
Alexandre pequenino, tocando flauta no meu aniversário em casa de Marília.
Tocou uma peça de Mozart, acompanhado por Artur,seu pai, diante de uma platéia emocionada. “Este menino vai
longe”, escutei alguém comentando.
Hoje Alexandre realiza concertos em várias cidades
do Brasil e para sua formatura planejou uma programação de alta qualidade que,
segundo Maurício Freire,diretor da escola de Música e professor de Alexandre, poderia ser
apresentada em qualquer teatro do Mundo.
Alexandre escolheu para seu repertório de
formatura compositores eruditos e também
composições de sua autoria, algumas ainda inéditas. Participamos de uma viagem
no tempo, do barroco de Vivaldi e Bach até as composições contemporâneas de sua
própria autoria.
A flauta foi abrindo caminho por diversas épocas da
história da música e nos conduzindo até os dias de hoje. Para a apresentação o
jovem Alexandre reuniu uma equipe de jovens de 20 e poucos anos, que traduziram
o momento em que vivemos: música contemporânea da melhor qualidade, permitindo
mostrar a capacidade dos jovens de executar com a mesma espontaneidade tanto o
barroco quanto os sons do século XXI. Eles nos mostraram cada vez mais a
necessidade da música para a harmonização do planeta.
Um
estúdio rural
Artur e Alexandre projetaram este pequeno estúdio,
todo feito de bambu. O bambu foi usado na cobertura do imenso salão. Agora vejo o bambu como isolante de sons,
protegendo as paredes dos diversos módulos da gravação. Fui visitá-los para ver
os músicos gravando o CD de músicas autorais de Leonora Weissman e Rafael
Martins.
Nos três módulos, instrumentos musicais, microfones,
computadores. Os jovens estavam atentos e silenciosos, olhos e ouvidos para os
detalhes da música, nada passava desapercebido. Eu, como visitante, via cores
que se acendiam e apagavam nos computadores, como telas concretistas em
movimento.
Alexandre Andrés me deu o depoimento abaixo:
"Temos uma produção musical muito grande e
precisamos registrar essas músicas. Se
dependermos de estúdios ou das leis de incentivo, os projetos não teriam
continuidade. Aqui na fazenda foi construído um pequeno estúdio que preenche a
necessidade de colocação de nossas músicas. Escolhemos este lugar por ser
afastado dos movimentos da cidade. Há duas janelas acústicas dando para uma
mata e nos intervalos das gravações, respiramos olhando o verde em frente e o
lento caminhar das vaquinhas no campo. Há
também o coaxar dos sapos que
parecem escutar os ensaios". No meio das gravações, atendemos a um chamado
aflito de Leonora:
“Uma vaca caiu no buraco!"
Todos pararam de gravar para retirar a vaquinha. Neste
ambiente de integração com a natureza, Alexandre e Artur realizam um trabalho
de grande originalidade.
A arte, nascida do encontro do homem consigo mesmo,
em comunhão com a natureza, é uma arte universal, sem fronteiras. Ela nos mostra o retorno às origens, em seus
múltiplos aspectos, em diferentes regiões do planeta, uma unidade de essência
que o tempo e a distância não conseguiram modificar.
*Fotos de Alexandre Andrés e Leonora Weissman
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