domingo, 20 de maio de 2012

EM BUSCA DO SER INTERNO



Uma das características mais pronunciadas da civilização oriental é a busca de uma Realidade Interior, de um plano espiritual de vida que reúne todas as coisas numa Totalidade.
O oriental procura através da religião, da filosofia ou da arte, a integração do homem à natureza e ao cosmos, buscando encontrar além do tempo e do espaço o valor intrínseco das coisas. Para isto serve-se de guias, mestres e filósofos. Alguns renunciam à vida familiar, recolhendo-se às comunidades espiritualistas ou ashrams. Outros aproximam-se da natureza, buscando no silêncio das florestas ou no interior de grutas afastadas a resposta para suas indagações. Há também aqueles que aperfeiçoam-se como chefes de família, transmitindo aos filhos os ensinamentos dos mestres.
Buscam o encontro com o Ser Interno através da meditação e do auto conhecimento. Essa realidade interna quando reconhecida liberta a mente das inquietações provocadas pela agitação do mundo. A tranqüilidade mental visada por toda a filosofia do Oriente, não conduz à apatia, mas à serenidade do homem superior.
O desenvolvimento interior é o esquema de conduta, estimulado através dos séculos pelas diversas religiões orientais, cujos fundamentos levam a uma visão cósmica da Verdade. A noção de liberdade está na base desse desenvolvimento interior, dessa evolução para um plano superior de existência, onde o espírito liberta-se das ligações terrestres para se integrar à Essência Criadora de todas as coisas. O homem realmente integrado é aquele que se liberta não somente do conforto material, mas também da ambição, egoísmo, inveja, ciúme e todos os impulsos negativos que encobrem a Realidade Interna, como uma nuvem escura encobrindo o sol. Para nós, ocidentais, acostumados ao progresso material, à concorrência e à competição, essa atitude nos parece estranha e profundamente apática. No entanto, ela nos desperta para outros aspectos da vida e nos mostra o caminho aberto a um progresso necessário ao equilíbrio do homem do século XXI: o progresso espiritual e a descoberta da sua origem divina.

Há várias técnicas de meditação, variando de acordo com as necessidades dos discípulos, mas todas levam ao mesmo ponto: o estado de atenção necessário a uma plena consciência das coisas. Todas insistem no não pensamento. Sentir, olhar e perceber o presente sem interferências do passado ou do futuro. Os nossos sofrimentos vêm de nós mesmos, dos nossos conflitos mentais e do acúmulo de imagens conflitivas na mente. Quando aprendemos a olhar a mente de forma direta, quando a esvaziamos por completo, percebemos um estado de Serenidade e Paz, que seria o estado natural do ser humano.
O caminho do meio, pregado por Buda há 2.500 anos, conduz a um estado de alegria sem excessos e à Felicidade a que tem direito a pessoa durante o seu curto tempo de permanência na terra. Mas, de um modo geral, esse tempo é gasto em várias atividades e somente poucas pessoas se aproximam da beleza desses momentos como um privilégio especial. Os ensinamentos dos lamas, quando se referem à observação dos próprios pensamentos, assemelham-se às instruções de Krishnamurti. “Olhe dentro de você mesmo, observe os movimentos de seu ego, suas reações à vida diária.”
Quando tomamos consciência de que tudo está na nossa própria mente, quando compreendemos como surgem, permanecem e acabam os nossos pensamentos, sentimos que eles são realmente os geradores de todos os nossos altos e baixos. O momento presente é sempre belo e cheio de luz. Somos nós que criamos a nossa própria dor.

*Fotos de Vânia Trindade e Marília Andrés

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