Uma das características mais
pronunciadas da civilização oriental é a busca de uma Realidade Interior, de um
plano espiritual de vida que reúne todas as coisas numa Totalidade.
O oriental procura através da
religião, da filosofia ou da arte, a integração do homem à natureza e ao
cosmos, buscando encontrar além do tempo e do espaço o valor intrínseco das
coisas. Para isto serve-se de guias, mestres e filósofos. Alguns renunciam à
vida familiar, recolhendo-se às comunidades espiritualistas ou ashrams. Outros
aproximam-se da natureza, buscando no silêncio das florestas ou no interior de
grutas afastadas a resposta para suas indagações. Há também aqueles que
aperfeiçoam-se como chefes de família, transmitindo aos filhos os ensinamentos
dos mestres.
Buscam o encontro com o Ser Interno
através da meditação e do auto conhecimento. Essa realidade interna quando
reconhecida liberta a mente das inquietações provocadas pela agitação do mundo.
A tranqüilidade mental visada por toda a filosofia do Oriente, não conduz à
apatia, mas à serenidade do homem superior.
O desenvolvimento interior é
o esquema de conduta, estimulado através dos séculos pelas diversas religiões
orientais, cujos fundamentos levam a uma visão cósmica da Verdade. A noção de
liberdade está na base desse desenvolvimento interior, dessa evolução para um
plano superior de existência, onde o espírito liberta-se das ligações
terrestres para se integrar à Essência Criadora de todas as coisas. O homem
realmente integrado é aquele que se liberta não somente do conforto material,
mas também da ambição, egoísmo, inveja, ciúme e todos os impulsos negativos que
encobrem a Realidade Interna, como uma nuvem escura encobrindo o sol. Para nós,
ocidentais, acostumados ao progresso material, à concorrência e à competição,
essa atitude nos parece estranha e profundamente apática. No entanto, ela nos
desperta para outros aspectos da vida e nos mostra o caminho aberto a um
progresso necessário ao equilíbrio do homem do século XXI: o progresso
espiritual e a descoberta da sua origem divina.
Há várias técnicas de
meditação, variando de acordo com as necessidades dos discípulos, mas todas
levam ao mesmo ponto: o estado de atenção necessário a uma plena consciência
das coisas. Todas insistem no não pensamento. Sentir, olhar e perceber o
presente sem interferências do passado ou do futuro. Os nossos sofrimentos vêm
de nós mesmos, dos nossos conflitos mentais e do acúmulo de imagens conflitivas
na mente. Quando aprendemos a olhar a mente de forma direta, quando a
esvaziamos por completo, percebemos um estado de Serenidade e Paz, que seria o
estado natural do ser humano.
O caminho do meio, pregado
por Buda há 2.500 anos, conduz a um estado de alegria sem excessos e à
Felicidade a que tem direito a pessoa durante o seu curto tempo de permanência
na terra. Mas, de um modo geral, esse tempo é gasto em várias atividades e
somente poucas pessoas se aproximam da beleza desses momentos como um privilégio
especial. Os ensinamentos dos lamas, quando se referem à observação dos
próprios pensamentos, assemelham-se às instruções de Krishnamurti. “Olhe dentro
de você mesmo, observe os movimentos de seu ego, suas reações à vida diária.”
Quando tomamos consciência de
que tudo está na nossa própria mente, quando compreendemos como surgem,
permanecem e acabam os nossos pensamentos, sentimos que eles são realmente os
geradores de todos os nossos altos e baixos. O momento presente é sempre belo e
cheio de luz. Somos nós que criamos a nossa própria dor.
*Fotos de Vânia Trindade e Marília
Andrés
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