Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
EM BUSCA DO SER INTERNO
Uma das características mais
pronunciadas da civilização oriental é a busca de uma Realidade Interior, de um
plano espiritual de vida que reúne todas as coisas numa Totalidade.
O oriental procura através da
religião, da filosofia ou da arte, a integração do homem à natureza e ao
cosmos, buscando encontrar além do tempo e do espaço o valor intrínseco das
coisas. Para isto serve-se de guias, mestres e filósofos. Alguns renunciam à
vida familiar, recolhendo-se às comunidades espiritualistas ou ashrams. Outros
aproximam-se da natureza, buscando no silêncio das florestas ou no interior de
grutas afastadas a resposta para suas indagações. Há também aqueles que
aperfeiçoam-se como chefes de família, transmitindo aos filhos os ensinamentos
dos mestres.
Buscam o encontro com o Ser Interno
através da meditação e do auto conhecimento. Essa realidade interna quando
reconhecida liberta a mente das inquietações provocadas pela agitação do mundo.
A tranqüilidade mental visada por toda a filosofia do Oriente, não conduz à
apatia, mas à serenidade do homem superior.
O desenvolvimento interior é
o esquema de conduta, estimulado através dos séculos pelas diversas religiões
orientais, cujos fundamentos levam a uma visão cósmica da Verdade. A noção de
liberdade está na base desse desenvolvimento interior, dessa evolução para um
plano superior de existência, onde o espírito liberta-se das ligações
terrestres para se integrar à Essência Criadora de todas as coisas. O homem
realmente integrado é aquele que se liberta não somente do conforto material,
mas também da ambição, egoísmo, inveja, ciúme e todos os impulsos negativos que
encobrem a Realidade Interna, como uma nuvem escura encobrindo o sol. Para nós,
ocidentais, acostumados ao progresso material, à concorrência e à competição,
essa atitude nos parece estranha e profundamente apática. No entanto, ela nos
desperta para outros aspectos da vida e nos mostra o caminho aberto a um
progresso necessário ao equilíbrio do homem do século XXI: o progresso
espiritual e a descoberta da sua origem divina.
Há várias técnicas de
meditação, variando de acordo com as necessidades dos discípulos, mas todas
levam ao mesmo ponto: o estado de atenção necessário a uma plena consciência
das coisas. Todas insistem no não pensamento. Sentir, olhar e perceber o
presente sem interferências do passado ou do futuro. Os nossos sofrimentos vêm
de nós mesmos, dos nossos conflitos mentais e do acúmulo de imagens conflitivas
na mente. Quando aprendemos a olhar a mente de forma direta, quando a
esvaziamos por completo, percebemos um estado de Serenidade e Paz, que seria o
estado natural do ser humano.
O caminho do meio, pregado
por Buda há 2.500 anos, conduz a um estado de alegria sem excessos e à
Felicidade a que tem direito a pessoa durante o seu curto tempo de permanência
na terra. Mas, de um modo geral, esse tempo é gasto em várias atividades e
somente poucas pessoas se aproximam da beleza desses momentos como um privilégio
especial. Os ensinamentos dos lamas, quando se referem à observação dos
próprios pensamentos, assemelham-se às instruções de Krishnamurti. “Olhe dentro
de você mesmo, observe os movimentos de seu ego, suas reações à vida diária.”
Quando tomamos consciência de
que tudo está na nossa própria mente, quando compreendemos como surgem,
permanecem e acabam os nossos pensamentos, sentimos que eles são realmente os
geradores de todos os nossos altos e baixos. O momento presente é sempre belo e
cheio de luz. Somos nós que criamos a nossa própria dor.
*Fotos de Vânia Trindade e Marília
Andrés
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sexta-feira, 11 de maio de 2012
FLORESTAS
Maurício me enviou o texto abaixo, dando continuidade à postagem “Oásis
Terra.”
“Florestas e árvores são grandes aliadas de quem precisa de água, ou
seja, de todos nós. Ao regular o clima, absorver gás carbônico e ajudar na
infiltração da água no solo, as árvores e as florestas realizam processos
vitais e prestam valioso serviço. A
erosão nos solos e o escoamento superficial de água em áreas sem cobertura
vegetal é muitas vezes maior do que aquela que ocorre em áreas protegidas por
vegetação. Com o desmate, os rios são
assoreados e há perda de qualidade das águas, a redução dos lençóis
subterrâneos, a perda de solos.
Na ausência de florestas, necessita-se de mais obras estruturantes e há menor segurança hídrica. Assim, por
exemplo, quando o desmate e mau uso do solo prejudicam a qualidade da água, as
empresas de saneamento passam a gastar mais com produtos químicos no tratamento
de água, pois a vegetação filtra metais e matérias em suspensão na água,
reduzindo a necessidade de tratamento. Os mais penalizados por esses custos são
as populações mais pobres e vulneráveis. Preservar os serviços ambientais
prestados pelas arvores e florestas é, portanto, também uma questão de justiça
social e de equidade.
No Brasil, serviços de regulação do clima são prestados em escala macro
pela floresta Amazônica, sobre a qual chove a umidade vinda do oceano
Atlântico. As árvores bombeiam de volta à atmosfera uma parte dessa umidade,
que chove novamente sucessivas vezes em direção ao oeste. Ao encontrar a
barreira da cordilheira dos Andes, esse ar carregado de umidade, em verdadeiros
rios voadores, se dirige para o sul, umedecendo o centro-oeste e o sudeste
brasileiros. Não fosse essa umidade, o clima nessas regiões seria muito mais
seco e possivelmente haveria desertos. Sem a floresta amazônica, a agricultura
no Brasil central e do sudeste será seriamente prejudicada. Antonio Donato Nobre (No vídeo Tem um rio em cima de nós, no YouTube http://www.youtube.com/watch?v=HYcY5erxTYs&feature=player_embedded) nos ensina que a Amazônia pode ser vista como usina de serviços
ambientais que realiza gigantescas transferências de energia, ao
promover a evaporação de 20 bilhões de toneladas de água por dia, sendo um
poderoso motor do clima global. Caso esse volume de água tivesse que ser
evaporado por aquecimento, seriam necessárias 50 mil usinas do porte da
hidrelétrica de Itaipu.
Culturalmente,
a floresta é vista como algo sujo, a ser extirpado. As expressões da língua
revelam tal tipo de pensamento: limpar o mato, visto como sujeira; campo limpo
e campo sujo significam respectivamente uma área sem vegetação e uma na qual a
vegetação tenta se regenerar; quebrar o galho não é um ato negativo de destruição
da vegetação, mas uma forma de ajudar um amigo. Até mesmo os quintais urbanos
são cimentados, pois a vegetação
é vista como um estorvo que dá trabalho para limpar, que atrai bichos e
doenças. Nessa visão cultural, vegetação,
mato e floresta são sujeiras a serem removidas. Ainda não se valoriza
suficientemente o fato de que as florestas prestam serviços ecossistêmicos,
tanto em escala macro como em escala local.
Uma mudança de percepção cultural sobre a natureza, as águas e as
florestas é necessária para que o comportamento em relação ao ambiente passe a
ser mais amigável e menos agressivo. A valorização dos serviços ambientais
prestados pelas florestas e árvores, bem como a valorização da água como algo
essencial à vida, são atitudes positivas. Árvores e florestas são aliadas do ser humano na
gestão das águas do oásis Terra.
Maurício Andrés é autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia WWW.ecologizar.com.br
*Fotos de Euler Andrés e Luciano Luppi
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