Todo ser humano possui um artista interior. Tudo na vida tem um sentido eterno, que ultrapassa o domínio da matéria.
Cada um de nós guarda dentro do seu subconsciente as noções de Beleza, Verdade e Bondade. Esse mundo das idéias é muito mais real e verdadeiro que o outro, modelado pela matéria. Mas é invisível para os que não procuram e sentem apenas o seu aspecto exterior, sem atingir sua realidade mais profunda.
A arte, brotando desse universo interior, procura em linguagem específica a comunicação com os homens. Ela revela ao que a contempla algo do que tem escondido em si mesmo no mistério de seu ser interno.
Jacques Maritain diz que o mais insignificante transeunte não tem, no céu de sua alma, menos estrelas que um artista. O sentimento de Beleza é atributo do homem, pertence a todos. Mas, muitas vezes, é velado aos olhos da maioria. Cabe ao artista despertar esse sentimento em seus semelhantes, tornando-o visível e consciente na obra de arte.
A fonte de onde provém toda manifestação artística é a profundidade mesma da alma do artista. Antes de qualquer representação material, ela já existe, como sentimento informe, puro, ainda não delineado, mas que se traduz por uma imperiosa e inadiável exigência da alma, uma ânsia sem fim em busca de expressão. Arte é, pois, antes de tudo, transbordamento de vida interior. É uma vocação, um chamado.
A idéia criadora é uma iluminação intuitiva e repentina. É uma decisiva emoção que a principio se delineia, depois se aclara mais, e tende a vir à luz. Movido por ela, o artista descobre o que sempre o inquietava e que se achava adormecido em sua alma.
A criação artística divide-se em dois momentos distintos: a concepção da obra de arte, que é a idéia criadora propriamente dita, e a sua realização. Estabelece-se então um dialogo entre o artista e a obra criada.
A idéia criadora pode surgir inesperadamente, ou durante o curso de uma longa pesquisa. Mas, de uma ou de outra maneira, constitui sempre uma surpresa para o artista; e é, justamente, nesse caráter de surpresa, que se encontra toda a alegria da criação.
A arte não é apenas talento. É talento ou potencial somado à vocação, a um desejo imperioso de progresso. Esse progresso só poderá ser feito através do trabalho.
Ser artista não significa calcular friamente. Não significa reunir tratados de teoria e tratados de matemática para, da ciência, passar à arte, mas, sim, deixar que a experiência transborde, depois de amadurecida, deixar que a sua própria vida, mais profunda, o seu universo desconhecido, aflorem à luz do mundo como que por encanto. Essa linguagem criativa nasce de raízes profundas, de experiências passadas e sofridas, e não se submete a qualquer ordem vinda de fora, seja de escola, religião ou doutrina política.
Diz Lucio Costa que “Toda arte plástica verdadeira terá sempre de ser, antes de tudo, arte pela arte, pois o que a haverá de distinguir das outras manifestações culturais é o impulso desinteressado e invencível no sentido de uma determinada forma plástica de expressão”.
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Mais um texto maravilhoso, D. Maria Helena. Não raro imprimo algum artigo aqui do blog para os alunos das turmas de adolescentes e adultos do curso de arteterapia e ao refletirmos sobre suas idéias, avançamos cada vez mais na proposta do projeto A Arte pela Vida, do Instituto Maria Helena Andrés em Jeceaba. Grata mais uma vez, e parabéns por nos brindar com tanta inspiração. Um fraternal abraço, Sarahy Fernandes.
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