quinta-feira, 1 de março de 2012

GUIGNARD O MESTRE IV

A influência de Guignard sobre seus alunos não pode ser medida pela melhor maneira de copiar o mestre em suas telas, mas na maneira de segui-lo em seu entusiasmo pela arte, seu amor pela natureza e pelas crianças, seu lirismo perante a vida, seu desprendimento pelo dinheiro, seu estímulo à pesquisa e à iniciativa individual. Juntamente com o aprendizado técnico, Guignard procurava formar no aluno toda uma filosofia de vida.
Sua disciplina não se fundamentava em conceitos teóricos, mas na experiência. Guignard era curioso, gostava de observar cenas de rua e registrá-las em pequenos croquis. Escondia-se atrás das árvores para não ser visto. Um dia, encontrei-o numa avenida central de Belo Horizonte, captando as cenas dolorosas de um enterro. Tentava passar despercebido, mas as crianças, sentadas no meio-fio repetiam em coro:
- Ei, Guignard!
Guignard tentava impedir a imprudência das crianças, mas elas continuavam a importunar o mestre, gritando mais alto ainda:
- Olha o Guignard desenhando!
Os pequenos croquis que fazia nas ruas, serviam de motivação para futuros quadros. Recomendava registrar os acontecimentos do cotidiano, captar o momento presente em sua intensidade emocional, para depois recriá-los no papel ou na tela:
- "Façam croquis do natural, estejam atentos ao movimento das ruas, aos mercados, às feiras, às festas de S. João, aos casamentos, aos enterros... O croquis é necessário, ele é a base de tudo!"
Guignard detestava o academismo gerador de formas estereotipadas. O importante era o nascimento do novo. O que realmente pertencia à essência do aluno. Disciplina e liberdade se conjugavam para a formação dos alunos, não somente no nível estético, mas também no plano do desenvolvimento humano.

Guignard sempre foi conhecido por seu desprendimento e generosidade. Conta-se que em uma ocasião admirava um de seus quadros, a imagem de um Cristo, numa Galeria do Rio de Janeiro. A jovem atendente, não o reconhecendo, comentou com ele sobre o grande artista, autor daquela obra. Guignard se identificou e lhe disse que estava admirando a moldura que haviam colocado no quadro. No final da conversa ela lhe perguntou a quem havia vendido aquele quadro. Ele então lhe contou que havia dado o quadro de presente para uma estudante de Ouro Preto.

Foram alunos de Guignard, em Minas Gerais, entre outros, os seguintes artistas plásticos: Aparecida Carvalho Barbosa, Bax, Chanina Sznbejn, Heitor Coutinho, Amilcar de Castro, Holmes Neves, Laetitia Renault, Álvaro Apocalypse, Jarbas Juarez, Wilde Lacerda, Aneto, Vilma Rabelo, Ione Fonseca, Santa, Sara Ávila, Leda Gontijo, Haroldo Matos, Wilma Martins, Maria Helena Andrés, Lizete Meinberg, Eduardo de Paula, Ruth Michel Perrela, Yara Tupinambá, Solange Botelho, Jeferson Lodi, Amarylles Coelho Teixeira, Marília Giannetti Torres, Mário Silésio, Estevão José de Souza, Mary Vieira, Gavino Mudado Filho, Nina Xavier, Melo Alvarenga, Augusto Degois, Washington Filho e Célia Laborne Tavares.

Postagens antigas sobre Guignard:
“Inauguração do acervo de Guignard” – 28/04/2009
“Nossa Senhora e o Anjo, tema de Guignard” – 02/11/2009
“Escola Guignard, alunos professores” – 02/12/2010

*Fotos da internet
VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA

Um comentário:

  1. Minha avo eh o maximo, blogueira de primeira com um grande dna de artista!

    ResponderExcluir