Um passado de mais de 5000 anos de cultura transparece através dos grandes monumentos de arte, e a história da Índia é contada nos entalhes feitos diretamente nas pedras, nas esculturas, nas pinturas dos templos e das grutas, na arte erudita e na arte popular. A grande vocação espiritual do povo indiano manifesta-se através de uma filosofia onde os ensinamentos dos Vedas se entrosam com crenças populares.
“Anteriormente julgava-se que a história começava com a Grécia, até que se descobriu que o povo advindo das margens do Cáspio, tinha-se desmembrado, indo um ramo para a Índia e outro para a Grécia e Europa Ocidental, através da Pérsia.”
Romila Thapar, em seu livro “A History of India” escreve: “Europeus, estudiosos da língua sânscrita, descobriram semelhanças entre o Sânscrito, o Latim e o Grego. Essa descoberta veio reforçar a teoria da existência, no passado, de uma língua comum usada pelos Indo-Europeus.”
“A música da Índia, pouco a pouco apurada e simplificada, espalhou-se pela Europa. Há um certo parentesco entre a música do Oriente e a música da Grécia Antiga, variando as escalas pela colocação dos meios tons. A música do Oriente tem caráter melódico e desconhece a polifonia, que é conquista moderna da arte musical européia.
A cultura milenar da Índia remonta à época dos Vedas, em que se cantavam os hinos sagrados durante os sacrifícios que se celebravam ao ar livre. Esses hinos eram composições dos Rishis, transmitidos oralmente de geração em geração.” (Dr Antonio Menezes, Panjim, Goa)
Os Vedas são um conjunto de livros que contêm as revelações dos Rishis. Combinando a religião com a filosofia e a arte, os hindus buscam um ideal de perfeição onde a clareza do filósofo une-se à devoção do santo e ao senso estético do artista.
Há grande afinidade entre a música religiosa indiana e o canto gregoriano, música circular repetitiva. Em seu aspecto mais popular, a música indiana faz lembrar os desafios cantados pelos violeiros nordestinos ou os cânticos do folclore brasileiro de origem africana. Na música indiana, assim como nos desafios brasileiros, há sempre uma parte estrutural que forma o arcabouço para a improvisação criada na hora, ao sabor do movimento.
Na Índia, esses desafios e improvisos se fazem através de instrumentos de percussão denominados “tablas”, sendo uma de metal e a outra de madeira. No Brasil a percussão é feita com tambores, atabaques, cabaças, agogôs, etc.
Existe todo um ritual para se criar e construir uma tabla, assim como, no Brasil, há também todo um ritual e até batismo dos instrumentos, com água benta (buscada na igreja mais próxima), na construção de um Tambor Sagrado.
Viajando pelo sertão de Minas Gerais, observei o esquentamento dos tambores, sobre um fogão de lenha, para produzir um som melhor. O som dos tambores é obtido com as mãos, como os atabaques africanos ou as tablas indianas. O ritmo de percussão tirado por mãos humanas, assemelha-se nas diferentes regiões do Globo Terrestre.
*Fotos da internet
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