Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
KALAKSHETRA, UMA ESCOLA DE DANÇA
Em Madras, sul da Índia, entramos em contato com a famosa escola de dança, Kalakshetra.
A dança na Índia expressa simbolicamente o desejo da alma individual de alcançar a Unidade com o infinito, ou a Alma do Universo. Através da música e da dança esse objetivo é alcançado e o estado de Ananda, ou Bem-aventurança, vivenciado pelo dançarino ou o músico, é transmitido à platéia. Os yogues se tornam Um com o universo através da meditação. Os músicos e dançarinos também realizam essa união, conjugando o movimento do corpo com a vibração do som.
Antigamente os espetáculos de dança não se realizavam em teatro, mas nos templos, porque a dança era a mais bela forma de reverência aos deuses.
Rukmini Devi, criando a Kalakhetra, buscou reviver o espírito dos antigos rituais onde as cenas do Mahabharata eram interpretadas em forma de dança e música no interior dos templos.
O Kalakhetra foi criado para expandir essa energia e todo ambiente dessa famosa escola de dança convidava o visitante a penetrar no universo mágico da arte. O impacto dos cânticos matinais debaixo da Bannyam tree, com a presença iluminada de Shankar Menon, já nos dava o primeiro toque. Shankar Menon, por muitos anos, acompanhou Rukmini Devi, dando ao Kalakhetra a orientação espiritual necessária à compreensão da síntese Arte-Yoga.
Moças com sáris coloridos, tranças nos cabelos e rapazes vestidos de dhotis brancos cantavam juntos em homenagem a todos os mestres e todas as religiões.
Kalakhetra significa lugar sagrado de arte, e a reverência pelo sagrado é sempre lembrada pelos professores.
Nas diversas cabanas cobertas de sapé com chão de cimento, os jovens iniciavam-se nas artes da dança e da música.
“Deixem do lado de fora os sapatos e com eles todas as suas tensões”, advertia o professor aos alunos.
Enquanto percorríamos as alamedas do Kalakhetra escutávamos batidas de percussão dentro de uma cabana de palha. Dez alunos buscavam interpretar os personagens mitológicos. O corpo teria de se afinar como um instrumento de música e responder aos sons com precisão e disciplina. Noutra cabana, um velho professor ensinava flauta para um pequeno grupo de jovens. Assentados à moda indiana, em cima de esteiras, eles escutavam atentamente os ensinamentos do músico.
A pessoa idosa na Índia é reverenciada como alguém que já encontrou a sabedoria.
O Kalakhetra foi criado para atender pessoas, desde o jardim de infância até a mais avançada idade. Crianças, adolescentes, jovens e velhos convivem no mesmo espaço e são instruídos, ou dão instruções, de acordo com a idade.
Há o momento de estudar, de seguir a rígida disciplina do músico e do dançarino; há o momento de interpretar, participar das coreografias, viajar, correr o mundo e se tornar um profissional da dança. De acordo com a idade, aquele que foi dançarino torna-se professor ou acompanha os grupos para o exterior. Mais tarde, de acordo com suas tendências naturais, ele ainda continua atuante e prestando serviços como relações públicas, recebendo os visitantes, dando entrevistas e informações sobre a história da escola. Rukmini Devi não descuidou de nada na criação de sua escola de arte e hoje, após sua morte ocorrida em 1986, sua obra continua viva na memória daqueles que tiveram a possibilidade de conhecê-la pessoalmente. O teatro criado por ela tem forma de templo e lá dentro o espectador participa dos eventos e penetra na verdadeira essência da arte, que é a de libertar a mente das tensões e conflitos e penetrar no recinto do sagrado.
A dança na Índia expressa simbolicamente o desejo da alma individual de alcançar a Unidade com o infinito, ou a Alma do Universo. Através da música e da dança esse objetivo é alcançado e o estado de Ananda, ou Bem-aventurança, vivenciado pelo dançarino ou o músico, é transmitido à platéia. Os yogues se tornam Um com o universo através da meditação. Os músicos e dançarinos também realizam essa união, conjugando o movimento do corpo com a vibração do som.
Antigamente os espetáculos de dança não se realizavam em teatro, mas nos templos, porque a dança era a mais bela forma de reverência aos deuses.
Rukmini Devi, criando a Kalakhetra, buscou reviver o espírito dos antigos rituais onde as cenas do Mahabharata eram interpretadas em forma de dança e música no interior dos templos.
O Kalakhetra foi criado para expandir essa energia e todo ambiente dessa famosa escola de dança convidava o visitante a penetrar no universo mágico da arte. O impacto dos cânticos matinais debaixo da Bannyam tree, com a presença iluminada de Shankar Menon, já nos dava o primeiro toque. Shankar Menon, por muitos anos, acompanhou Rukmini Devi, dando ao Kalakhetra a orientação espiritual necessária à compreensão da síntese Arte-Yoga.
Moças com sáris coloridos, tranças nos cabelos e rapazes vestidos de dhotis brancos cantavam juntos em homenagem a todos os mestres e todas as religiões.
Kalakhetra significa lugar sagrado de arte, e a reverência pelo sagrado é sempre lembrada pelos professores.
Nas diversas cabanas cobertas de sapé com chão de cimento, os jovens iniciavam-se nas artes da dança e da música.
“Deixem do lado de fora os sapatos e com eles todas as suas tensões”, advertia o professor aos alunos.
Enquanto percorríamos as alamedas do Kalakhetra escutávamos batidas de percussão dentro de uma cabana de palha. Dez alunos buscavam interpretar os personagens mitológicos. O corpo teria de se afinar como um instrumento de música e responder aos sons com precisão e disciplina. Noutra cabana, um velho professor ensinava flauta para um pequeno grupo de jovens. Assentados à moda indiana, em cima de esteiras, eles escutavam atentamente os ensinamentos do músico.
A pessoa idosa na Índia é reverenciada como alguém que já encontrou a sabedoria.
O Kalakhetra foi criado para atender pessoas, desde o jardim de infância até a mais avançada idade. Crianças, adolescentes, jovens e velhos convivem no mesmo espaço e são instruídos, ou dão instruções, de acordo com a idade.
Há o momento de estudar, de seguir a rígida disciplina do músico e do dançarino; há o momento de interpretar, participar das coreografias, viajar, correr o mundo e se tornar um profissional da dança. De acordo com a idade, aquele que foi dançarino torna-se professor ou acompanha os grupos para o exterior. Mais tarde, de acordo com suas tendências naturais, ele ainda continua atuante e prestando serviços como relações públicas, recebendo os visitantes, dando entrevistas e informações sobre a história da escola. Rukmini Devi não descuidou de nada na criação de sua escola de arte e hoje, após sua morte ocorrida em 1986, sua obra continua viva na memória daqueles que tiveram a possibilidade de conhecê-la pessoalmente. O teatro criado por ela tem forma de templo e lá dentro o espectador participa dos eventos e penetra na verdadeira essência da arte, que é a de libertar a mente das tensões e conflitos e penetrar no recinto do sagrado.
PINCELADA
Buscando um local mais poético para a construção de ateliers de artes, vários artistas deixaram a cidade e se transferiram para esta região das montanhas onde o céu e a terra se encontram. Refletindo sobre isto, vejo com alegria a inauguração de um circuito de arte na região sul de Belo Horizonte denominado “Caminho das Artes”.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
MEU CAMINHO DA ÍNDIA
Minha experiência com a arte teria de expandir-se para um campo maior. Incentivada por meu marido, que sempre me deu apoio nas minha iniciativas, embarquei em 1970 rumo ao Oriente. Visitei o Japão, a China, a Tailândia e a Índia, integrando um grupo turístico que se dirigia à Expo 70.
Chegando à Índia, fui convidada pelo então embaixador do Brasil, Wladimir Murtinho, para permanecer em Nova Delhi. A Índia deixou de ser um ponto a mais no meu roteiro turístico. Alguma coisa me atraía àquele país como se fosse um reencontro com um passado longínquo. Visitei um templo em Delhi e um monge percebeu o meu interesse, presenteando-me com uma pilha de livros de Ramakrisna e Vivekananda, que me desvendaram pela primeira vez o mistério dos Yogues. Entre eles estava um pequeno exemplar do Bhagavad Gita, livro sagrado da Índia.
Voltando ao Brasil, ingressei no curso de Yoga do Professor George Kritikos e freqüentei seu grupo de meditação. Mergulhei na leitura dos mais variados livros de filosofia oriental, do Zen Budismo aos mestres de Vedanta, da Teosofia a Krishnamurti. Tomei consciência de que realmente pertencemos a um Todo, que viemos de uma Essência e a Ela vamos retornar.
A partir de 1977, comecei a visitar a Índia, procurando desenvolver pesquisas no campo da arte, da educação e da história, com base na filosofia oriental. “Deixa o senhor cuidar de ti”. Essa frase, escutada no silêncio de uma madrugada, foi de certo modo a minha bússola durante as diversas viagens. Procurei seguir a intuição sem traçar planos. Visitei escolas, comunidades, anotando, em forma de diário, as minhas impressões e experiências. Meu caminho da Índia é uma reconquista da sabedoria que perdemos pelo excesso de materialismo. Aprendi escutando a voz do povo, participando de congressos, pronunciando palestras, realizando estudos comparativos entre o Brasil e a Índia e observando os diferentes costumes das diversas regiões por onde passei.
Os ensinamentos orientais não me acenavam como uma nova religião, mas significavam a redescoberta de conhecimentos que já existiam dentro de mim. Esses ensinamentos não são privilégio de um só país ou de uma só raça. Eles existem dentro de todo ser humano e estão guardados no silêncio de nossa consciência. O meu objetivo era redescobri-los através da minha própria experiência de vida.
O encontro das diversas mensagens nos campos da arte, da filosofia, da religião e da ciência, soava nos meus ouvidos como uma única voz. O oriental busca, antes de tudo, através da meditação, experimentar dentro de si mesmo sua Realidade Interna, que ultrapassa os conceitos da mente. Ao percorrer várias comunidades espiritualistas, desde os monges budistas no alto dos Himalaias até os mais variados ashrams da Índia, sentia a mesma verdade fluindo de diversas formas. Existem inúmeros mestres e caminhos, mas a minha abordagem focaliza apenas os que tive a oportunidade de conhecer de perto ou que me tocaram através de seus ensinamentos.
Chegando à Índia, fui convidada pelo então embaixador do Brasil, Wladimir Murtinho, para permanecer em Nova Delhi. A Índia deixou de ser um ponto a mais no meu roteiro turístico. Alguma coisa me atraía àquele país como se fosse um reencontro com um passado longínquo. Visitei um templo em Delhi e um monge percebeu o meu interesse, presenteando-me com uma pilha de livros de Ramakrisna e Vivekananda, que me desvendaram pela primeira vez o mistério dos Yogues. Entre eles estava um pequeno exemplar do Bhagavad Gita, livro sagrado da Índia.
Voltando ao Brasil, ingressei no curso de Yoga do Professor George Kritikos e freqüentei seu grupo de meditação. Mergulhei na leitura dos mais variados livros de filosofia oriental, do Zen Budismo aos mestres de Vedanta, da Teosofia a Krishnamurti. Tomei consciência de que realmente pertencemos a um Todo, que viemos de uma Essência e a Ela vamos retornar.
A partir de 1977, comecei a visitar a Índia, procurando desenvolver pesquisas no campo da arte, da educação e da história, com base na filosofia oriental. “Deixa o senhor cuidar de ti”. Essa frase, escutada no silêncio de uma madrugada, foi de certo modo a minha bússola durante as diversas viagens. Procurei seguir a intuição sem traçar planos. Visitei escolas, comunidades, anotando, em forma de diário, as minhas impressões e experiências. Meu caminho da Índia é uma reconquista da sabedoria que perdemos pelo excesso de materialismo. Aprendi escutando a voz do povo, participando de congressos, pronunciando palestras, realizando estudos comparativos entre o Brasil e a Índia e observando os diferentes costumes das diversas regiões por onde passei.
Os ensinamentos orientais não me acenavam como uma nova religião, mas significavam a redescoberta de conhecimentos que já existiam dentro de mim. Esses ensinamentos não são privilégio de um só país ou de uma só raça. Eles existem dentro de todo ser humano e estão guardados no silêncio de nossa consciência. O meu objetivo era redescobri-los através da minha própria experiência de vida.
O encontro das diversas mensagens nos campos da arte, da filosofia, da religião e da ciência, soava nos meus ouvidos como uma única voz. O oriental busca, antes de tudo, através da meditação, experimentar dentro de si mesmo sua Realidade Interna, que ultrapassa os conceitos da mente. Ao percorrer várias comunidades espiritualistas, desde os monges budistas no alto dos Himalaias até os mais variados ashrams da Índia, sentia a mesma verdade fluindo de diversas formas. Existem inúmeros mestres e caminhos, mas a minha abordagem focaliza apenas os que tive a oportunidade de conhecer de perto ou que me tocaram através de seus ensinamentos.
PINCELADAS
A arte cada vez mais desce dos museus e galerias para ajudar o ser humano a se harmonizar. As empresas convocam artistas para trabalhar com a criatividade de seus componentes, com funcionários e gerentes participando do mesmo evento. Um exemplo disso é a empresa Amana-key, em São Paulo, dirigida por Oscar Motomura.
Frei Beto participará do Festival de Literatura de São João Del Rey, fazendo parte da mesa “Panorama de uma década”
A produção cinematográfica de Minas está em destaque na programação do Cine Sesi Cultural de 2009. O público vai assistir, além de curtas metragens, à exibição do filme “Pequenas Histórias”, dirigido pelo mineiro Helvécio Ratton.
Frei Beto participará do Festival de Literatura de São João Del Rey, fazendo parte da mesa “Panorama de uma década”
A produção cinematográfica de Minas está em destaque na programação do Cine Sesi Cultural de 2009. O público vai assistir, além de curtas metragens, à exibição do filme “Pequenas Histórias”, dirigido pelo mineiro Helvécio Ratton.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
MINHA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA: TERRA, ÁGUA, FOGO, AR E ÉTER
Em todos esses anos de arte pude constatar várias fases, partindo da realidade exterior para uma realidade interior do imaginário, do desconhecido. Vivenciei, ao longo de minha trajetória artística os 5 elementos da matéria: terra, água, fogo, ar e éter. A fase da terra começou com temas do cotidiano, meu mundo de família, crianças, cenas da fazenda, paisagens de Belo Horizonte, quase tudo dentro de um certo lirismo herdado de Guignard. Saía para o campo munida de pranchetas e aquarelas, afim de captar diretamente da natureza sugestões para a minha pintura. Os filhos estavam em volta, também desenhando, meu marido ajudava-me no preparo das telas. Considero pertencente a esta fase, também os quadros concretistas, que são “cidades iluminadas” e aqueles que têm uma referência a temas bíblicos, inclusive o símbolo da cruz.
O elemento terra cedeu lugar ao elemento água, mas o símbolo da cruz ainda continuou nos mastros dos veleiros. A forma já não era estática e geométrica, sugeria o movimento e transparências. Os veleiros anunciaram-me as primeiras viagens internacionais, numa necessidade de conhecer o mundo, de conscientizar-me de novos caminhos, novas experiências. Conheci nos EUA um grupo da Action Painting. Experimentei a espontaneidade da pintura gestual, ligada ao Zen budismo, a forma direta de se perceber o “aqui e agora”.
O terceiro elemento da matéria, o fogo, explodiu em 1965, na Fase de Guerra, representando a destruição e a purificação pelo fogo, para atingir novos planos mais elevados. Os mastros dos navios tornaram-se agressivos, ponteagudos, e a fase de guerra, em preto e branco, motivada pela tensão política da época, durou um ano. Foi uma denúncia à violência, opressão e ao medo. Daí veio a necessidade de paz, a própria agressividade da fase de guerra, influenciando as primeiras madonas barrocas, num retorno ao nosso barroco de Minas Gerais. As primeiras madonas eram agressivas, guerreiras, para depois tomarem a direção dos céus, anunciando a fase dos astronautas. As madonas barrocas, ligadas à nossa tradição, foram uma porta entre a Terra e o Céu, entre a Guerra e a Paz. Elas me conduziram para novos caminhos.
O quarto elemento da matéria, o ar, manifestou-se em 1966 com a série de naves interplanetárias. Veio a conquista do espaço, a tecnologia humana vencendo as barreiras e desvendando o cosmos. Os quadros desta fase chegaram ao Rio, numa exposição no Copacabana Palace, ao mesmo tempo que o homem pisava na Lua pela primeira vez.
O quinto elemento, o éter, é representado na minha trajetória com a forma circular da Mandala, que em termos orientais, corresponde a uma necessidade de integração, de criar uma gestalt, uma forma inteira, onde todos os lados são iguais. A partir de então comecei a me interessar pelas filosofias orientais e por estudos comparativos entre as culturas do Oriente e do Ocidente.
O elemento terra cedeu lugar ao elemento água, mas o símbolo da cruz ainda continuou nos mastros dos veleiros. A forma já não era estática e geométrica, sugeria o movimento e transparências. Os veleiros anunciaram-me as primeiras viagens internacionais, numa necessidade de conhecer o mundo, de conscientizar-me de novos caminhos, novas experiências. Conheci nos EUA um grupo da Action Painting. Experimentei a espontaneidade da pintura gestual, ligada ao Zen budismo, a forma direta de se perceber o “aqui e agora”.
O terceiro elemento da matéria, o fogo, explodiu em 1965, na Fase de Guerra, representando a destruição e a purificação pelo fogo, para atingir novos planos mais elevados. Os mastros dos navios tornaram-se agressivos, ponteagudos, e a fase de guerra, em preto e branco, motivada pela tensão política da época, durou um ano. Foi uma denúncia à violência, opressão e ao medo. Daí veio a necessidade de paz, a própria agressividade da fase de guerra, influenciando as primeiras madonas barrocas, num retorno ao nosso barroco de Minas Gerais. As primeiras madonas eram agressivas, guerreiras, para depois tomarem a direção dos céus, anunciando a fase dos astronautas. As madonas barrocas, ligadas à nossa tradição, foram uma porta entre a Terra e o Céu, entre a Guerra e a Paz. Elas me conduziram para novos caminhos.
O quarto elemento da matéria, o ar, manifestou-se em 1966 com a série de naves interplanetárias. Veio a conquista do espaço, a tecnologia humana vencendo as barreiras e desvendando o cosmos. Os quadros desta fase chegaram ao Rio, numa exposição no Copacabana Palace, ao mesmo tempo que o homem pisava na Lua pela primeira vez.
O quinto elemento, o éter, é representado na minha trajetória com a forma circular da Mandala, que em termos orientais, corresponde a uma necessidade de integração, de criar uma gestalt, uma forma inteira, onde todos os lados são iguais. A partir de então comecei a me interessar pelas filosofias orientais e por estudos comparativos entre as culturas do Oriente e do Ocidente.
PINCELADAS
A casa Fiat de Cultura está possibilitando ao público de Belo Horizonte o acesso a grandes exposições internacionais. Parabéns pela exposição de Marc Chagall, um dos maiores pintores do século XX!
Foi um sucesso o fórum sobre aquecimento global realizado em Belo Horizonte, preparando para 2020. O Brasil está tendo uma participação fundamental nas questões ambientais.
Foi um sucesso o fórum sobre aquecimento global realizado em Belo Horizonte, preparando para 2020. O Brasil está tendo uma participação fundamental nas questões ambientais.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
PRIMEIRAS VIAGENS PARA ENTRE RIOS: MEU ATELIER RURAL
Na década de 50, para chegarmos a Entre Rios de Minas, tínhamos de tomar um trem. Com as crianças ainda pequenas, eu me ajeitava no vagão carregando malas e mamadeiras. A contemplação da paisagem, o barulho das rodas nos trilhos, o apito nas curvas e o cheiro de fumaça embalavam os passageiros. Alguns chegavam até a dormir.
Lá fora as cenas se sucediam com rapidez, verdes e mais verdes, gado pastando na relva, casinhas, igrejinhas, um verdadeiro presépio em movimento. Depois de uma hora de viagem descíamos em Jeceaba. Ali o Chico Marzano nos esperava de jardineira e, durante a viagem até Entre Rios, já estávamos sabendo das novidades.
Na cidade, em frente ao casarão, os cavalos já nos esperavam para uma nova viagem. Tínhamos de trocar de roupas, tirá-las das malas e ajeitar nos pecuás. Alguns pertences poderiam ser colocados a tiracolo, nos embornais.
Lembro-me da primeira vez que viajei a cavalo para a fazenda. Levei um tombo e virei notícia na cidade.
Mais tarde, inaugurada a estrada de rodagem, viajávamos de carro de Belo Horizonte para Entre Rios dentro de uma perua: seguia a família com latas de leite, sacos de laranjas, as crianças cantavam o tempo todo.
Eu levava um bloquinho e ia desenhando os postes de luz cortando a paisagem com suas estruturas metálicas. Uma nova série de desenhos e pinturas nasceu daquelas viagens pelas estradas de Minas. As “cidades iluminadas” que hoje figuram nos museus e colecionadores, tiveram suas origens naqueles desenhos rabiscados em blocos de rascunho, onde a estrutura dos postes era uma constante.
Na fazenda da Barrinha organizamos um atelier de pintura. Quadros enormes ali foram feitos.
Durante essas temporadas, longe da agitação da cidade, eu tinha tempo para estudar. Aproveitava o silêncio para ler e escrever. Dali saíram as primeiros textos de “Vivência e Arte” incentivados por minha cunhada Lourdes Andrés Resende. Naquela época eu já me interessava pelo lado interno da arte, aliando o conhecimento teórico à experiência de vida. Buscava analisar o fenômeno artístico apoiando-me em críticos, filósofos e pensadores. Líamos juntas e discutíamos o pensamento de Jacques Maritain, Tristão de Athayde, Maurice Dennis, Mário Pedrosa, D. Marcos Barboza, Rainer Maria Rilke e muitos outros. Os primeiros estudos do livro “Vivência e Arte”, prefaciado por Alceu Amoroso Lima e editado pela Agir Editora no Rio de Janeiro, foram feitos ali, na região do Campo das Vertentes.
O quadro “Casamento na Roça” criado nessa época, testemunha os costumes regionais.
Mais tarde, em 2004, surgiu em Entre Rios de Minas o IMHA (Instituto Maria Helena Andrés), com a finalidade de proporcionar à população o despertar de novos valores e o resgate das antigas tradições.
Através dele, foram realizados três Festivais de Inverno, que divulgaram a arte contemporânea e estimularam novas vocações no campo das artes.
O Campo das Vertentes cresceu culturalmente. Novas ONGS foram criadas e as manifestações folclóricas da região tiveram maior visibilidade.
Em 2009, devido à crise econômica global, o festival não aconteceu. No entanto, a população se organizou espontaneamente, criando um “Mutirão de Arte”: “O movimento cultural de Minas veio para ficar”, disse Paulo Brant, atual Secretário Estadual de Cultura.
Lá fora as cenas se sucediam com rapidez, verdes e mais verdes, gado pastando na relva, casinhas, igrejinhas, um verdadeiro presépio em movimento. Depois de uma hora de viagem descíamos em Jeceaba. Ali o Chico Marzano nos esperava de jardineira e, durante a viagem até Entre Rios, já estávamos sabendo das novidades.
Na cidade, em frente ao casarão, os cavalos já nos esperavam para uma nova viagem. Tínhamos de trocar de roupas, tirá-las das malas e ajeitar nos pecuás. Alguns pertences poderiam ser colocados a tiracolo, nos embornais.
Lembro-me da primeira vez que viajei a cavalo para a fazenda. Levei um tombo e virei notícia na cidade.
Mais tarde, inaugurada a estrada de rodagem, viajávamos de carro de Belo Horizonte para Entre Rios dentro de uma perua: seguia a família com latas de leite, sacos de laranjas, as crianças cantavam o tempo todo.
Eu levava um bloquinho e ia desenhando os postes de luz cortando a paisagem com suas estruturas metálicas. Uma nova série de desenhos e pinturas nasceu daquelas viagens pelas estradas de Minas. As “cidades iluminadas” que hoje figuram nos museus e colecionadores, tiveram suas origens naqueles desenhos rabiscados em blocos de rascunho, onde a estrutura dos postes era uma constante.
Na fazenda da Barrinha organizamos um atelier de pintura. Quadros enormes ali foram feitos.
Durante essas temporadas, longe da agitação da cidade, eu tinha tempo para estudar. Aproveitava o silêncio para ler e escrever. Dali saíram as primeiros textos de “Vivência e Arte” incentivados por minha cunhada Lourdes Andrés Resende. Naquela época eu já me interessava pelo lado interno da arte, aliando o conhecimento teórico à experiência de vida. Buscava analisar o fenômeno artístico apoiando-me em críticos, filósofos e pensadores. Líamos juntas e discutíamos o pensamento de Jacques Maritain, Tristão de Athayde, Maurice Dennis, Mário Pedrosa, D. Marcos Barboza, Rainer Maria Rilke e muitos outros. Os primeiros estudos do livro “Vivência e Arte”, prefaciado por Alceu Amoroso Lima e editado pela Agir Editora no Rio de Janeiro, foram feitos ali, na região do Campo das Vertentes.
O quadro “Casamento na Roça” criado nessa época, testemunha os costumes regionais.
Mais tarde, em 2004, surgiu em Entre Rios de Minas o IMHA (Instituto Maria Helena Andrés), com a finalidade de proporcionar à população o despertar de novos valores e o resgate das antigas tradições.
Através dele, foram realizados três Festivais de Inverno, que divulgaram a arte contemporânea e estimularam novas vocações no campo das artes.
O Campo das Vertentes cresceu culturalmente. Novas ONGS foram criadas e as manifestações folclóricas da região tiveram maior visibilidade.
Em 2009, devido à crise econômica global, o festival não aconteceu. No entanto, a população se organizou espontaneamente, criando um “Mutirão de Arte”: “O movimento cultural de Minas veio para ficar”, disse Paulo Brant, atual Secretário Estadual de Cultura.
PINCELADAS
Belo Horizonte foi a cidade escolhida para um importante fórum internacional de Meio Ambiente, cuja abertura aconteceu no Grande Teatro do Palácio das Artes no dia 4 de agosto. O público assistiu e participou das apresentações de várias personalidades, preocupadas com as mudanças climáticas do Planeta e com a destruição acelerada da natureza.
Todas as energias terão de estar juntas neste objetivo comum que é a sobrevivência do Globo. Ninguém escapará aos desastres ecológicos. Agradecemos à Emília Queiroga a iniciativa de coordenar este evento.
Todas as energias terão de estar juntas neste objetivo comum que é a sobrevivência do Globo. Ninguém escapará aos desastres ecológicos. Agradecemos à Emília Queiroga a iniciativa de coordenar este evento.
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