quinta-feira, 16 de junho de 2022

CEM ANOS DE MARIA HELENA ANDRÉS GANHA SÉRIE DE LIVES


Transcrevo abaixo a matéria de autoria de Guilherme Augusto publicada em 6 de junho, pelo Jornal "ESTADO DE MINAS", sobre as comemorações do meu centenário.

Cem anos de Maria Helena Andrés ganha série de lives

Artista plástica mineira recebe homenagens a partir desta terça e encontros virtuais trarão detalhes de seus trabalhos e aspectos pessoais


Guilherme Augusto

 

06/06/2022 04:00 

Ativa e ainda produzindo, Maria Helena Andrés, que é professora emérita da Escola Guignard e foi colunista do EM, trabalha em projeto para a Igreja de Nossa Senhora da Aparecida, em Diamantina(foto: Arquivo pessoal)


Em agosto, Maria Helena Andrés comemora 100 anos e, embora a data exata do aniversário dela seja daqui a aproximadamente dois meses – no dia 2 –, as comemorações e homenagens começam antes. A partir desta terça-feira (7/6), uma série de lives organizadas pela Escola Guignard, da UEMG, em parceria com o Instituto Maria Helena Andrés (IMHA), celebram o legado da artista plástica, escritora e professora mineira.

 

Lúcida, ativa e ainda produzindo, ela diz estar lisonjeada pela homenagem. "Eu me sinto muito feliz. Tudo tem sido feito com muito amor, por pessoas que realmente gostam de mim e do meu trabalho. E este é só o início, ainda vão ocorrer outras coisas, inclusive uma exposição, lá para outubro ou setembro. Estas lives vão ser o pontapé para as outras homenagens", afirma.


Orgulhosa por estar prestes a se tornar uma centenária, Maria Helena se diz "muito bem" de saúde física e mental. Para ela, o único porém tem sido o frio que sente conforme a idade avança. Durante a entrevista ao Estado de Minas, por telefone, a artista contou que estava diante de uma lareira para tentar se aquecer, em sua casa, no Retiro das Pedras, em Brumadinho.

 "Estou vivendo do jeito que a gente pode, em um lugar adequado, rodeado de natureza. O visual, a vibração, as tardes, o nascer e o pôr do sol são coisas que me alegram muito. A natureza ajuda a gente a viver. E é tudo gratuito. E é tudo muito bonito. Eu fico abismada como algumas pessoas não percebem essa grandiosidade. Principalmente na cidade, onde elas não têm muito tempo para isso", avalia.

 A artista plástica conta que passa boa parte do seu tempo contemplando as belezas naturais do lugar onde mora, lugar que também abriga seu ateliê e a sede do IMHA. Atualmente, ela dedica mais tempo à família e, principalmente, aos bisnetos, do que à produção artística. Ainda assim, Maria Helena Andrés segue produzindo esculturas inspiradas em desenhos do concretismo que ela mesmo esboçou.

 

Aluna de Guignard, Maria Helena Andrés (à esq.do pintor) participou com evento Arte em Dez Tempos, em 1942(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press/Reprodução %u2013- 27/5/09)

 


PROCESSOS DE CRIAÇÃO

"Essas esculturas são consequência dos meus desenhos da década de 1950, que já buscavam despertar uma herança geométrica. Eu faço no papel e vou descobrindo quais caminhos quero seguir. Cada vez mais esses trabalhos têm se revelado em formas orgânicas. A partir daí, alguém passa isso para o aço para mim e assim nascem as esculturas", ela conta.

 

Nascida poucos meses depois da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922, Maria Helena Andrés iniciou sua formação artística nos anos 1940, estudando pintura com Carlos Chambelland (1884-1950), no Rio de Janeiro; e Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) e Edith Behring (1916-1996), em Belo Horizonte. Na década de 1960, foi aluna do pintor Theodoros Stamos (1922-1997), em Nova York.

 

Nessa mesma época, escreveu para o Estado de Minas e lecionou desenho e pintura na Escola Guignard, da qual foi diretora, em 1965. Atualmente, a artista plástica é professora emérita da instituição.

 

Maria Helena Andrés revela que, desde a década de 1950, traz uma ''herança geométrica'' em suas obras(foto: Antônio Eugênio Salles Coelho/divulgação)

 


LIVROS

Paralelo ao trabalho como artista e professora, Maria Helena publicou livros que tratam de sua visão como arte educadora, tais como "Vivência e arte" (1966), "Os caminhos da arte" (1977), "Encontro com mestres no oriente" (1933) e "Oriente-Ocidente: Integração de culturas" (1984).

 

As lives promovidas pela Guignard e pelo IMHA vão abordar as diferentes facetas da atuação de Maria Helena Andrés nas artes plásticas e na educação. Ao todo, serão cinco encontros que serão realizados às terças-feiras, a partir de amanhã, sempre das 19h30 às 21h, no canal da Escola Guignard no YouTube. Na abertura do evento, a artista recebe uma homenagem dos professores da escola.

"Havia uma vontade muito grande da diretora da escola, a Lorena D'Ard, de homenageá-la de alguma maneira. Como a Guignard já tem uma certa tradição de fazer lives, eles nos fizeram essa proposta e nós achamos que seria uma ótima ideia. Então, cada um dos filhos da Maria Helena vão participar de alguma maneira, trazendo à tona algum aspecto da vida e da arte dela", explica Marília Andrés, filha de Maria Helena e presidente do IMHA.

 


Esculturas inspiradas em desenhos do concretismo, esboçados pela própria artista, é um marco na carreira
(foto: Walmir Gois/Divulgação)

 

ESPIRITUALIDADE

Entre os temas que serão abordados, estão a ecologia no trabalho da artista, a arte em si e a interseção que ela sempre procurou fazer com a educação. Entre os convidados estão os filhos Maurício, Ivana e Eliana Andrés, além de Marconi Drummond, Teresa Rolim e Felipe Resende.

 

Além desta terça-feira (7/6), as transmissões ao vivo também acontecerão nos dias 14, 21 e 28 de junho. Na última delas, programada para 5 de julho, a própria Maria Helena Andrés participará da conversa com Eliana sobre o tema arte e espiritualidade.

 

"Elas vão falar sobre as viagens que fizeram juntas e como isso impactou no trabalho de Maria Helena. Como as viagens para a índia, Europa e Estados Unidos impactaram na forma como ela enxerga o mundo e de que forma isso começa a aparecer nas obras", explica Marília.

 

Para ela, o legado de Maria Helena Andrés é múltiplo, por isso as lives foram distribuídas em mais de um encontro. "Além de ser uma mãe maravilhosa, que nos ensinou a viver e trabalhar com prazer, e batalhar para o mundo ser um lugar cada vez melhor, ela construiu uma obra visual maravilhosa", afirma a filha.

 

"Desde a época em que estudava com o Guignard, que foi bastante influenciada por ele, depois quando entrou em uma fase mais gestual. E agora com os projetos de esculturas e colagens. Também gosto de destacar o quanto ela sempre foi preocupada com a questão da arte e educação. É extremamente admirada por educadores. Sem contar o lado espiritual e o fato de ser uma escritora que, até hoje, escreve toda semana", pontua Marília.

 

CRIANÇAS

Presidente do IMHA, Marília conta que o instituto foi criado em 2005, por conta de uma trabalho realizado em Entre Rios de Minas. "Ainda estamos presentes lá com trabalhos voltados para a comunidade local. Aqui na região de Belo Horizonte, onde fica a nossa sede, o nosso trabalho é divulgar o trabalho da Maria Helena."

 

Um dos projetos que o IMHA tem para este ano é uma exposição da artista na galeria de arte do Minas Tênis Clube, que será inaugurada no segundo semestre. Marília Andrés adianta que, apesar de comemorativa, não será uma mostra retrospectiva dos trabalhos de sua mãe.

 

"Como ela tem uma obra muito extensa, seria realmente complicado fazer uma exposição com uma abordagem retrospectiva. A proposta será colocar trabalhos atuais dela que dialogam com trabalhos que foram feitos anteriormente. Ela tem os desenhos, que viraram esculturas e que hoje são colagens. E também vamos promover um trabalho pedagógico para aproximar as crianças dessa exposição", explica.

 

LIVES "MARIA HELENA ANDRÉS –100 ANOS"

Abertura do projeto: professores da Escola Guignard homenageiam Maria Helena Andrés, terça-feira (7/6), das 19h30 às 21, no canal da Escola Guignard no YouTube(youtube.com/escolaguignarduemgoficial). As lives também acontecem nos dias 14, 21, 28 de junho e 5 de julho, sempre das 19h30 às 21h.


*FOTOS DE ARQUIVO

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