O CCBB de Belo Horizonte apresenta a exposição
“Equilíbrio Instável” com mais de 100 obras de Paul Klee. Para esta mostra
foram selecionados desenhos, gravuras e pinturas do artista, que poderão ser
estudadas por todos nós artistas e admiradores de sua obra. Para este blog
gostaria de transcrever uma página do meu livro “Os Caminhos da Arte”, no qual
faço um pequeno estudo sobre Paul Klee.
Os ensinamentos de Klee despertavam no aluno a
consciência de suas origens cósmicas. Levavam-no à compreensão do espaço
fluido, do caos e do movimento que gerou a forma e a vida. Paul Klee, além de
pintor e desenhista, foi também um grande professor e teórico de arte. “O
artista, hoje, não é apenas um aparelho fotográfico sutil, ele tem mais
complexidade, mais riqueza, e dispõe de maior latitude. É uma criatura sobre a
Terra, e criatura no Universo: criatura sobre um astro entre os astros.”
Vislumbrando outra realidade além das dimensões
terrestres, o artista atual encontra diante de si a amplidão do cosmos. Suas
fronteiras ultrapassam os limites geográficos. Vivemos num astro entre os
astros, sonhando com os caminhos do futuro.
Klee e Kandinsky iniciaram a nossa época como dois
profetas. Ambos escreveram sobre arte, teorizaram, chegaram a reflexões
filosóficas. Quando a intuição é despertada, o homem de repente se vê em
diálogo com as fontes comuns dos seres humanos. Paul Klee rompeu com a
realidade exterior, penetrando em mundos desconhecidos com os olhos do
visionário e a sensibilidade do músico e do poeta. Sua obra contém, ao mesmo
tempo, magia e intelectualismo, poesia e reflexão: a figura, reduzida ao seu
traço mais simples, reflete aspectos psicológicos e afetivos: os desenhos
esquemáticos são inspirados nas garatujas infantis ou na obsessão dos
neuróticos. A luminosidade é a constante
nesses pequenos quadros abstratos que variam das formas orgânicas às
geométricas. “As etapas principais do conjunto do trajeto criador são: o
movimento preliminar em nós, o movimento ativo, operante, inclinado para a obra
e, enfim, a passagem aos outros, aos espectadores, do movimento contido na
obra. Pré-criação, criação e recriação.”
À luz das palavras de Klee, consideramos a arte como
uma energia em movimento. Algo que, partindo do artista, de sua interioridade,
evolui, movimenta-se, cresce e se exterioriza na obra de arte. Não é uma
fórmula ditada de fora, subordinada a conceitos exteriores – é o despertar de
uma necessidade interna que varia de pessoa para pessoa. A criatividade libera
a energia propulsora que conduz o homem ao reconhecimento de si mesmo como ser
humano, senhor de seus próprios pensamentos, dirigente de seus impulsos. A emoção
criadora é a primeira fase da criatividade. O segundo estágio é a evolução do
trabalho, sua organização, o uso dos elementos plásticos necessários para que a
ideia se concretize. O movimento é
ativo, operante, visando à realização de um objeto palpável, visível ao mundo
exterior e não somente situado na imaginação de uma pessoa.
A energia criadora ganha cor e formas, revestindo-se
de seu aspecto material. Há um processo de comunicação, de extravasamento de
ideias, emoções e sentimentos. A passagem aos outros é a comunicação do artista
com o espectador. Paul Klee, artista e pensador, promoveu e ampliou o diálogo
com a arte, comunicando-se por meio da palavra, da cor e da forma.
*Fotos da internet
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