segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O EQUILÍBRIO INSTÁVEL DE PAUL KLEE


O CCBB de Belo Horizonte apresenta a exposição “Equilíbrio Instável” com mais de 100 obras de Paul Klee. Para esta mostra foram selecionados desenhos, gravuras e pinturas do artista, que poderão ser estudadas por todos nós artistas e admiradores de sua obra. Para este blog gostaria de transcrever uma página do meu livro “Os Caminhos da Arte”, no qual faço um pequeno estudo sobre Paul Klee.

Os ensinamentos de Klee despertavam no aluno a consciência de suas origens cósmicas. Levavam-no à compreensão do espaço fluido, do caos e do movimento que gerou a forma e a vida. Paul Klee, além de pintor e desenhista, foi também um grande professor e teórico de arte. “O artista, hoje, não é apenas um aparelho fotográfico sutil, ele tem mais complexidade, mais riqueza, e dispõe de maior latitude. É uma criatura sobre a Terra, e criatura no Universo: criatura sobre um astro entre os astros.”

Vislumbrando outra realidade além das dimensões terrestres, o artista atual encontra diante de si a amplidão do cosmos. Suas fronteiras ultrapassam os limites geográficos. Vivemos num astro entre os astros, sonhando com os caminhos do futuro.

Klee e Kandinsky iniciaram a nossa época como dois profetas. Ambos escreveram sobre arte, teorizaram, chegaram a reflexões filosóficas. Quando a intuição é despertada, o homem de repente se vê em diálogo com as fontes comuns dos seres humanos. Paul Klee rompeu com a realidade exterior, penetrando em mundos desconhecidos com os olhos do visionário e a sensibilidade do músico e do poeta. Sua obra contém, ao mesmo tempo, magia e intelectualismo, poesia e reflexão: a figura, reduzida ao seu traço mais simples, reflete aspectos psicológicos e afetivos: os desenhos esquemáticos são inspirados nas garatujas infantis ou na obsessão dos neuróticos. A luminosidade  é a constante nesses pequenos quadros abstratos que variam das formas orgânicas às geométricas. “As etapas principais do conjunto do trajeto criador são: o movimento preliminar em nós, o movimento ativo, operante, inclinado para a obra e, enfim, a passagem aos outros, aos espectadores, do movimento contido na obra. Pré-criação, criação e recriação.”

À luz das palavras de Klee, consideramos a arte como uma energia em movimento. Algo que, partindo do artista, de sua interioridade, evolui, movimenta-se, cresce e se exterioriza na obra de arte. Não é uma fórmula ditada de fora, subordinada a conceitos exteriores – é o despertar de uma necessidade interna que varia de pessoa para pessoa. A criatividade libera a energia propulsora que conduz o homem ao reconhecimento de si mesmo como ser humano, senhor de seus próprios pensamentos, dirigente de seus impulsos. A emoção criadora é a primeira fase da criatividade. O segundo estágio é a evolução do trabalho, sua organização, o uso dos elementos plásticos necessários para que a ideia  se concretize. O movimento é ativo, operante, visando à realização de um objeto palpável, visível ao mundo exterior e não somente situado na imaginação de uma pessoa.

A energia criadora ganha cor e formas, revestindo-se de seu aspecto material. Há um processo de comunicação, de extravasamento de ideias, emoções e sentimentos. A passagem aos outros é a comunicação do artista com o espectador. Paul Klee, artista e pensador, promoveu e ampliou o diálogo com a arte, comunicando-se por meio da palavra, da cor e da forma.

*Fotos da internet

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