Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
NÃO ESQUEÇAM MARIANA
Não esqueçam Mariana!
As perdas humanas
E as perdas ecológicas
A paisagem tranquila
Que desapareceu
Tragada pelas
Dragas insensíveis
Dragões do apocalipse
Engolindo vidas.
Não esqueçam Mariana!
É o nome da propaganda
Que mereceu um
Premio nacional.
Manuel Rolim e equipe
Levantaram o grito
De alerta.
Olhe bem as montanhas
Nos disse um
dia
Manfredo Souza Neto.
Olhe bem as montanhas
Ressoou na música
Alexandre Andrés.
“Triste horizonte”
Nos disse um
dia
Carlos Drumonnd de Andrade.
As vozes em conjunto
Orquestram a música
Do levante, da arte
Liderando este protesto
Coletivo e que
Se perpetua no tempo.
Jovens do mundo inteiro
Se levantam acusando
A insensibilidade dos
Mais velhos.
Não esqueçam Mariana!
Continua ressoando
Pelas montanhas
Descendo as encostas
Povoando os rios de
Minas Gerais.
Mariana e Bento Rodrigues
Não ficarão esquecidas
Porque estão sempre
Lembradas no grito
Desses jovens guerreiros
Que estão levantando
A bandeira ecológica
Acima de todos os projetos.
Não esqueçam Mariana...
Manuel Rolim
E sua equipe
Abriram fronteiras
E serão ouvidos.
*Fotos de arquivo
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domingo, 22 de setembro de 2019
RESPIRAR
Recebi de Maurício Andrés o texto abaixo, sobre a respiração.
“Respirar é um ato que todo animal ou vegetal realiza do início ao final
de sua vida. Da primeira inspiração ao último suspiro, o corpo interage com a
atmosfera. Mas respirar não é apenas um ato natural. A respiração consciente,
os vários modos e formas de respirar, o aprender a respirar corretamente,
transformam esse ato elementar num ato cultural.
Foi durante minha estadia na Índia, nos idos da década de 1970, que
tomei consciência da importância cultural da respiração. Os antigos iogues
desenvolveram a prática de exercícios respiratórios como forma de concentração.
Essa tradição desenvolveu técnicas de controle da respiração e modos de
inspirar e expirar a energia que mantém a vida e que está presente em toda a
natureza, conhecida como prana.
As práticas de ioga utilizam diversas posturas (ásanas) e exercícios
respiratórios (pranayamas) para aprimorar o uso do corpo. Um bom controle sobre
o corpo ajuda a controlar a mente e a obter maior profundidade de percepção e
conhecimento. Uma atitude básica da meditação é o focar a atenção na
respiração, pois quando se observa o movimento do ar para dentro e para fora
dos pulmões, deixa-se de pensar no passado ou no futuro e a atenção orienta-se
para o momento presente. A consciência do ato de respirar, associada à vibração
de um som como o OM (som universal) durante a expiração, acalma o pensamento e
a mente. Trata-se de prática que pode ser exercitada cotidianamente nos tempos
de deslocamento, nos transportes e salas de espera.
O espiritualismo da cultura indiana se ancora na matéria, vista como
manifestação ou corporificação do espírito. Os fundamentos materiais dessa
espiritualidade foram testados em milênios de história e deu-se muita atenção a
atos elementares. Para a tradição indiana, o próprio universo é criado e
extinto de acordo com o ritmo da respiração de Brahma, que, ao expirar ou
inspirar, regula os ritmos universais.
Há varias formas de se respirar, cada qual com seus efeitos sobre o
corpo, sobre a mente e as emoções. O exercício de ritmar a respiração
voluntariamente induz ao equilíbrio físico-emocional e aumenta a capacidade de
percepção sensorial e mental.
A boa respiração reduz estresse, hipertensão, depressão, relaxa, ajuda a
emagrecer. Leva a um maior equilíbrio, bem-estar, flexibilidade, saúde. O
estado de tranquilidade e de boa irrigação sanguínea que produz pode ser
considerado uma preparação para níveis de desenvolvimento espiritual mais
elevados, em que há mais percepção, mais consciência, mais harmonia na
movimentação corporal e nos relacionamentos, mais segurança nas ações
cotidianas, entre outras virtudes e habilidades. A maior ventilação
proporcionada por uma respiração profunda pode alterar o estado corporal e de
consciência. Nesse ponto, é oportuno realçar a importância da sobriedade e
advertir contra abusos em exercícios respiratórios, e contra práticas como a
retenção da respiração e outras manipulações perigosas para a saúde física e
cerebral.
Cada atividade humana e estado de saúde se associa a uma forma de
respiração. Um músico que toca um instrumento de sopro, como uma flauta,
precisa ter fôlego e um controle preciso da respiração e do ar; atletas,
nadadores, aqueles que desenvolvem trabalhos físicos, têm atividade
respiratória e trocas de oxigênio e carbono mais intensas do que quem vive
sedentariamente; a insuficiência respiratória de doentes exige aparelhos para
ser compensada com a respiração artificial.
Durante a vida desaprendemos a respirar corretamente. Desenvolver a
ciência e a arte de respirar faz parte de uma cultura respiratória fundamental
e quase esquecida, pois toma-se esse ato apenas como um dado natural, sem
refletir ou compreender sua real importância e suas variações.
Na sociedade contemporânea, além de aprender a ser, a conviver, a
conhecer e a fazer, a educação corporal ou física inclui aprender a respirar,
aprender a alimentar-se e a se movimentar. A educação do corpo é um fundamento
básico para a educação do ser. Isso significa que a reeducação respiratória é
tão importante quanto a educação dos sentidos, a tomada de consciência sobre a
cultura alimentar e outras formas de educação essenciais para a vida individual
e coletiva.
A civilização indiana foi a que mais se aprofundou nessas ciências e
artes e que as comunicou de forma compreensível, construindo um patrimônio
intangível que vem sendo revalorizado devido aos benefícios práticos que
proporciona.
A pessoas de minha relação que se entediam quando não têm nada para
fazer, costumo dizer:
“Respirem…”
Procuro assim valorizar esse ato vital, básico, fundamental para a vida.
Mas admito que esse fato desperta admiração ou curiosidade,
especialmente entre aqueles que ainda não tomaram consciência da respiração
como um ato cultural.” (Maurício Andrés Ribeiro é autor dos livros “Ecologizar”
e “Tesouros da Índia”)
*Fotos da internet
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segunda-feira, 16 de setembro de 2019
O EQUILÍBRIO INSTÁVEL DE PAUL KLEE
O CCBB de Belo Horizonte apresenta a exposição
“Equilíbrio Instável” com mais de 100 obras de Paul Klee. Para esta mostra
foram selecionados desenhos, gravuras e pinturas do artista, que poderão ser
estudadas por todos nós artistas e admiradores de sua obra. Para este blog
gostaria de transcrever uma página do meu livro “Os Caminhos da Arte”, no qual
faço um pequeno estudo sobre Paul Klee.
Os ensinamentos de Klee despertavam no aluno a
consciência de suas origens cósmicas. Levavam-no à compreensão do espaço
fluido, do caos e do movimento que gerou a forma e a vida. Paul Klee, além de
pintor e desenhista, foi também um grande professor e teórico de arte. “O
artista, hoje, não é apenas um aparelho fotográfico sutil, ele tem mais
complexidade, mais riqueza, e dispõe de maior latitude. É uma criatura sobre a
Terra, e criatura no Universo: criatura sobre um astro entre os astros.”
Vislumbrando outra realidade além das dimensões
terrestres, o artista atual encontra diante de si a amplidão do cosmos. Suas
fronteiras ultrapassam os limites geográficos. Vivemos num astro entre os
astros, sonhando com os caminhos do futuro.
Klee e Kandinsky iniciaram a nossa época como dois
profetas. Ambos escreveram sobre arte, teorizaram, chegaram a reflexões
filosóficas. Quando a intuição é despertada, o homem de repente se vê em
diálogo com as fontes comuns dos seres humanos. Paul Klee rompeu com a
realidade exterior, penetrando em mundos desconhecidos com os olhos do
visionário e a sensibilidade do músico e do poeta. Sua obra contém, ao mesmo
tempo, magia e intelectualismo, poesia e reflexão: a figura, reduzida ao seu
traço mais simples, reflete aspectos psicológicos e afetivos: os desenhos
esquemáticos são inspirados nas garatujas infantis ou na obsessão dos
neuróticos. A luminosidade é a constante
nesses pequenos quadros abstratos que variam das formas orgânicas às
geométricas. “As etapas principais do conjunto do trajeto criador são: o
movimento preliminar em nós, o movimento ativo, operante, inclinado para a obra
e, enfim, a passagem aos outros, aos espectadores, do movimento contido na
obra. Pré-criação, criação e recriação.”
À luz das palavras de Klee, consideramos a arte como
uma energia em movimento. Algo que, partindo do artista, de sua interioridade,
evolui, movimenta-se, cresce e se exterioriza na obra de arte. Não é uma
fórmula ditada de fora, subordinada a conceitos exteriores – é o despertar de
uma necessidade interna que varia de pessoa para pessoa. A criatividade libera
a energia propulsora que conduz o homem ao reconhecimento de si mesmo como ser
humano, senhor de seus próprios pensamentos, dirigente de seus impulsos. A emoção
criadora é a primeira fase da criatividade. O segundo estágio é a evolução do
trabalho, sua organização, o uso dos elementos plásticos necessários para que a
ideia se concretize. O movimento é
ativo, operante, visando à realização de um objeto palpável, visível ao mundo
exterior e não somente situado na imaginação de uma pessoa.
A energia criadora ganha cor e formas, revestindo-se
de seu aspecto material. Há um processo de comunicação, de extravasamento de
ideias, emoções e sentimentos. A passagem aos outros é a comunicação do artista
com o espectador. Paul Klee, artista e pensador, promoveu e ampliou o diálogo
com a arte, comunicando-se por meio da palavra, da cor e da forma.
*Fotos da internet
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segunda-feira, 2 de setembro de 2019
YARA TUPYNAMBÁ
Entre flashes
No meio do vozerio
De gente passando,
Entrando e saindo,
Um rosto familiar.
Revejo o tempo
Da Escola Guignard,
Quando eu era professora
E ela aluna.
O mesmo rosto ativo,
Interativo,
De quem espera do futuro
E tem certeza da vitória:
Yara Tupynambá.
Revejo Yara
Na curva da vida,
Quando as coisas
Já aconteceram e
Ainda esperam
Por acontecer.
Viagens pelo mundo
Painéis monumentais,
Tão grandes
Quanto expressivos,
Trazendo a memória
Da história de Minas
Com vigor e firmeza.
Yara é guerreira
Na arte e na vida.
Trabalha incansável
Nas telas, desenhos,
Gravuras.
Ela cuida da filha e
Dos quadros.
Hoje está
No meio do povo,
Que se aglomera
Nesta exposição.
“Trabalho é vida.
Nunca parei
de trabalhar,
É isto que me permite
Não envelhecer.”
Yara está jovem
Como aquela moça
Que conheci
Na escola Guignard.
*Fotos da internet
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