Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
A DESTRUIÇÃO DE MINAS GERAIS
Segue abaixo o meu protesto sobre a destruição do estado de
Minas Gerais.
LAMA E LARVA
No passado, o vulcão Etna
Petrificou a cidade de Pompeia, na Itália
Com seu banho de larvas incandescentes.
Hoje, em Brumadinho,
Um banho de rejeitos de ferro
Encobre e mata todo ser vivo
Que encontra pela frente.
A lama engole o povo
Casas, parques, plantações
Vacas, árvores arrastadas
Pela avalanche.
Bestas apocalípticas
Vão engolindo tudo
E o vermelho da morte
Desce as encostas.
Cenas aterradoras, dramáticas
Um filme de terror.
A quem atribuir a culpa?
Vale a pena tanta ganância?
Vale a pena o lucro material
Para satisfazer o consumo?
Vale a pena destruir paisagens,
Matar rios, riachos, sufocar os peixes?
Vale a pena o sacrifício dos inocentes
Em benefício de poucos?
Vale a pena este genocídio?
A resposta não chegará tão cedo
Porque tudo é lama!
A LAMA E A LUA
Nosso grito vem de longe
Dos primeiros habitantes,
Da busca das esmeraldas,
Dos diamantes e do ouro.
Quantos morreram em Minas
Pela ganância de outros?
Hoje, na era do ferro
Vivemos o Apocalipse.
Máquinas destruidoras
Sobem montanhas
E vão engolindo tudo
Que encontram pelo caminho.
A terra se transforma
Em paisagem lunar.
Será que a superfície da lua
Algum dia foi também
Destruída pelas máquinas?
*Fotos da internet
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
ENSEMBLE, UM GRUPO MUSICAL
Desci do
Retiro das Pedras, num sábado, para assistir o grupo do Artur, denominado
“Ensemble” se apresentar no CCBB de Belo Horizonte.
Acompanhei
desde o início a formação do grupo. Artur Andrés, Regina Amaral e Alexandre
Andrés formaram um conjunto sólido, unidos pelos laços familiares e artísticos.
O trio foi enriquecido com outros músicos, todos jovens. São eles Natália
Mitre, José Henrique Soares e Bruno Veloso.
No repertório: Templo Grego,
Arrumação, Sinfonia das goteiras, Alnitak, Infinito, Menino, Vales e montanhas,
Meditação, Meditação III e Aldebaran. Há
uma harmonia muito grande entre os integrantes deste conjunto.
O Ensemble surgiu
das montanhas, das terras sofridas de Minas Gerais. Seus integrantes se
reuniram num estúdio rural, para um trabalho sério, onde a música erudita ocupa
um espaço central. Artur, dirigente do grupo e seu principal compositor,
destacou-se durante 37 anos como o flautista do grupo UAKTI, juntamente com a
pianista Regina Amaral, sua esposa.
Com o
encerramento do grupo UAKTI, Artur se recolheu por algum tempo. Mas sua voz
interior o chamava para dar continuidade ao seu trabalho. “Seu caminho é a
música. Vá em frente!”
Esta voz
interna é aquela que sempre nos chama nos momentos de incerteza. Ela nos mostra
que o importante é a descoberta de nós mesmos. Refletindo sobre a arte como um
caminho de desenvolvimento interno, podemos considerar a percussão como um
chamado de nossos antepassados indígenas e africanos, marcando o compasso da
terra. A flauta é o instrumento que nos chama para o alto, para níveis
superiores.
Estamos na
terra, mas o nosso caminho é a realização da nossa unidade com o cosmos. As
duas flautas, tocadas por Artur e Alexandre, seu filho, nos conscientizam de
que pertencemos a este universo de estrelas. São chamados vindos do alto.
Para o
Ensemble, Artur criou “Aldebaram”, em homenagem a uma estrela com este nome.
Aldebaram brilha entre duas constelações e seu brilho é mais intenso que o sol.
Ensemble nos mostra também a força da energia dos jovens, aliada à experiência
dos mais velhos.
Ali, no
teatro do CCBB, assistimos a perfeita integração da energia com a sabedoria,
que proporcionou um equilíbrio perfeito entre as gerações.
Agradeço ao
meu filho Artur a homenagem que me prestou e a música que me dedicou, aplaudida
com entusiasmo pela plateia.
À todos os
componentes do grupo Ensemble, o meu agradecimento. Que continuem elevando as
vibrações para o alto. É o que desejo, de coração.
*Fotos da
internet
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
A LAMA
Diante do impacto da
tragédia em Brumadinho, o médico e poeta
Carlos Starling criou com muita sensibilidade, um poema sobre a lama, que
transcrevo abaixo.
A LAMA
Escorre e engole,
Gente
Bicho
Rios
Sonhos.
A lama nasce da gente,
É gente.
Lama não ama.
Mora na semente,
Essência,
Dividendos da ilusão...
Depura-se a alma mineral,
Decanta-se o cinismo
Depura-se a alma mineral,
Decanta-se o cinismo
do olhar piedoso.
Lagrimas de lama,
Cegam a tragédia
Lagrimas de lama,
Cegam a tragédia
iminente.
Desaparecem:
-gente
-bichos
-rios
Desaparecem:
-gente
-bichos
-rios
- sonhos...
Sobram:
- Lama
- cínica sílica
-essência...
Barro,
Sobram:
- Lama
- cínica sílica
-essência...
Barro,
Lama a evoluir,
Nós...
A Lama aprendendo a
Nós...
A Lama aprendendo a
amar...
Carlos Starling
27/01/2019
Carlos Starling
27/01/2019
*Fotos da internet
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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
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