Na zona rural, o aproveitamento de objetos para
outra finalidade é comum. Assim, uma banheira daquelas antigas, pode se
transformar em bebedouro para o gado. Já vi muitas vacas bebendo água nas
banheiras e fiquei pensando: as madames de antigamente já tomaram seus banhos,
depois as banheiras caíram em desuso, agora estão matando a sede das vacas.
Uma das características mais positivas da arte
contemporânea é a sua profunda ligação com o cotidiano e com a vida.
É o mundo interno do ser humano que precisa vir à
tona e ser conscientizado.
No Oriente esta conscientização é feita através da
meditação e do autoconhecimento.
No Ocidente a ação criadora das artes promove a
abertura de consciência e o crescimento interno.
A inteligência emocional se expressa de forma
espontânea, nas obras de arte ligadas à emoção – expressionismo, fovismo,
abstracionismo, ora lírico, ora informal e violento, trágico ou pessimista.
A inteligência mental se organiza nas composições
concretistas, construtivistas, cubistas, etc.
Foi necessário um esvaziamento de todas as
tendências para que a arte chegasse até o cotidiano.
Foi preciso a dessacralização dos ícones e a quebra
do mito do artista.
Para descer ao cotidiano, a arte teve de abrir mão
do seu caráter elitista.
Qualquer objeto, por mais vulgar que seja, tem a sua
própria dignidade e nas mãos do artista pode ganhar novas formas.
Escutei o depoimento de uma professora: meus alunos
ficaram radiantes diante de uma exposição contemporânea. “Podemos criar com
latinhas, caixotes, isso nós temos em casa...”
Hélio Oiticica uniu sua energia de criatividade a um
bloco carnavalesco.
Quando a arte se dessacraliza e se confunde com a
vida, já não pode mais ser analisada nos termos tradicionais de arte, ela é a
própria vida se manifestando.
*Fotos da internet
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