segunda-feira, 28 de dezembro de 2015


PAINEL EM AZULEJO NA ERMIDA DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE EM CAETÉ I

Quando Frei Rosário me procurou em Belo Horizonte para realizar os painéis das capelas da ermida de Nossa Senhora da Piedade, eu acabava de escrever um capítulo para meu livro Os caminhos da Arte relacionando os hinos védicos com o canto gregoriano. Meu trabalho estava voltado para a integração do Oriente com o Ocidente através da música religiosa.

Em relação aos dois painéis, Frei Rosário me trouxe indicações bíblicas que eu deveria ler para me inspirar nos temas encomendados. Era importante ler textos do Antigo e Novo Testamento, para uma informação histórica.

Na capela do Sagrado Coração de Jesus na Ermida de Nossa Senhora da Piedade em Caeté escolhi a forma circular da mandala, com a figura de Cristo ao centro trazendo luz e sabedoria para o mundo.

Mandala significa círculo em sânscrito. Universalmente a mandala é símbolo da integração e da harmonia. Significa também a concentração de energia, o universo, a procura da paz interior. A cor azul simboliza a sabedoria de Cristo transmitida através dos séculos. Escolhi a mandala pelo seu significado universal de integração e paz, usado no Oriente como forma de meditação.

O símbolo da mandala com o Cristo no centro foi usado no Ocidente numa pequena tela de Hieronymus Bosch, hoje pertencente ao Museu do Prado em Madrid. Ali o Cristo ilumina as pessoas para vencerem e superarem os sete pecados capitais.
O psicólogo Carl Jung usou a mandala como integração final do processo de individuação do ser humano.

A figura do Cristo ao centro nos faz relembrar o Cristo interno de cada um de nós e a centelha divina que a todos pertence. “O Reino dos Céus está dentro de vós” nos disse Jesus.

No Santuário da Serra da Piedade a lembrança do nosso Cristo interno está representada nessa pequena capela, onde os devotos acendem velas e, durante a época do Natal, armam presépios.
Tiramos fotos em frente ao painel, agradecendo nossa presença nesse santuário de paz e desejando a paz para todos os brasileiros e para todas as pessoas.

*Fotos de Maurício Andrés

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015


TAPEÇARIAS E MURAIS

“As luas, os mastros, os mistérios,
As velas que pretendem voar!
E, no entanto, prendê-las à terra.
Amarrá-las ao concreto e limitado da lã.
O desenho não nasceu somente para ser tapete.
Houve que surpreendê-lo, mostrando-lhe possibilidades ocultas.
E nisto, a busca apaixonada da verdade de cada forma, de cada cor, de cada desejo.
Percorremos, meses a fio, a larga estrada
Que nos levou da ambição do que nos propusemos,
Ao que, realmente conseguimos.
Dar ao desenho de Maria Helena Andrés,
Outra fase,
Numa outra matéria.” (Maria Ângela Almeida Magalhães)

Maria Ângela foi minha parceira nas tapeçarias durante vários anos nas décadas de 60 e 70.

Transcrevo abaixo um texto que escrevi em 1969, sobre tapeçarias e murais:
“Quando em agosto deste ano realizei na Galeria do Copacabana Palace uma exposição de pinturas da fase interplanetária, outra série de meus trabalhos já se elaborava no Rio, numa rua de Botafogo, entregue a uma equipe de artesãs. Ao mesmo tempo em que eu pintava e expunha a série de astronautas, outras mãos trabalhavam em meus tapetes.
Os 12 tapetes serão expostos em Belo Horizonte em 6 de outubro, na Galeria Guignard. Há dois anos projetei uma série de pequenos estudos sobre os barqueiros do São Francisco, tendo como finalidade a execução de um mural. No entanto, não tendo podido realizar o trabalho, guardei os estudos em meus arquivos, para algum tempo mais tarde entregá-los ao Artesanato da Providência, dirigido por Maria Ângela Magalhães e Gilda Carneiro. Seria a oportunidade de ver realizado o que eu planejara para o mural, mas que não pudera executar.
Encontrei nesse artesanato a possibilidade de dar sequência ao meu estilo de arte, contribuindo até para maior enriquecimento com os recursos próprios da tapeçaria. Nuances e transparências não precisavam ser suprimidas e poderiam ser sugeridas com lãs de vários matizes e a mistura de materiais novos. Acompanhei o trabalho vindo ao Rio todos os meses, mas deixando à orientadora de meus estudos, Maria Ângela, a iniciativa de criar pontos e inventar recursos novos dentro do metier. A pintura individualista, criada e executada por uma só pessoa, vem sendo substituída nestes últimos tempos pelas equipes de arte com um responsável e vários colaboradores. É necessário, no entanto, que essas equipes sejam bem entrosadas, que haja a adequação perfeita das mãos que executam com aquelas que criam o projeto. Dentro deste esquema a criatividade é distribuída e reforçada para que se possa fazer alguma coisa de maior vulto, com a responsabilidade dividida entre vários.
Meus cartões são desenhados em pastel sobre papel veludo, permitindo desde o início imaginar o efeito a ser conseguido no aveludado das lãs.
Orientadas por Maria Ângela, as artesãs transformam o projeto em tapeçaria.

A tapeçaria e a pintura mural têm raízes comuns. Ambas exigem certa monumentalidade, a captação de um conjunto global, concentrado em determinado espaço. Portanto, quanto maior e mais muralística, mais apta estará a tapeçaria para preencher a finalidade à qual se destina, que não é simplesmente decorativa, mas visa a integração a determinado conjunto arquitetônico. Daí a razão para considerar os projetos de mural mais adequados para tapeçaria do que os estudos para um quadro. O mural exige um pouco de reflexão, o exame detalhado de cada espaço, de cada forma. A espontaneidade tem de ser corrigida e orientada pela inteligência. A monumentalidade exigida pelo mural não é a simples ampliação de figuras ou cenas, mas a visão global de determinada ideia, a síntese de um conjunto. A tapeçaria pode ambicionar também a conquista desta monumentalidade. Isto porque tapeçaria não é somente arte decorativa, mas deve expandir-se a campos mais amplos.
Pretendo conduzir meus tapetes ao mesmo destino do mural. Acho que é um caminho sério, os recursos são grandes, possibilitando maior enriquecimento daquilo que imaginei um dia num simples cartão colorido.

*Fotos de Maurício Andrés e de arquivo

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terça-feira, 8 de dezembro de 2015


ANIVERSÁRIO DE JOAQUIM PEDRO E LUIZA

Esta carta foi escrita para um livro que minha neta Alice organizou sobre seu irmão Joaquim Pedro, por ocasião do aniversário dele e de sua filha Luiza.

“Joaquim Pedro

A sua chegada a este planeta foi um sucesso na família. Você foi o primeiro neto e chegou a conhecer o seu avô Luiz, que o punha no colo com o maior carinho.
Quando a vida levou seu avô para outras dimensões, embarcamos para a Índia, onde seu pai trabalharia por um ano, na cidade de Bangalore, sudoeste indiano.

Tive a oportunidade de viajar junto e conviver de perto com você. Passeávamos juntos pelos parques e praças da cidade e eu pude ver o meu neto, loirinho, fazer amizades com outros meninos, como uma única família.

Aquela viagem trouxe para você um conhecimento do mundo muito importante e deixou lembranças nas pessoas que tiveram a oportunidade de conhecê-lo.
Joaquim, você fez sucesso no Hotel Harsha, em Bangalore. Há alguns anos atrás, encontrei um dos garçons do hotel que já trabalhava noutro lugar. “Onde está aquele menino loirinho que corria pelo restaurante? Temos um retrato dele em casa. Quero mostrar para vocês.” Só sei que, por causa daquele loirinho, fomos convidadas para um jantar em casa do garçon.

Você também foi o personagem de um livro escrito por sua mãe e ilustrado por mim. O livro “Pepedro nos caminhos da Índia” circula por outros espaços, contando para as crianças brasileiras a história de um garoto que saiu do Brasil para viajar pela Índia com a família.

A Índia continua a ser inspiração para todos nós.

Recentemente, quando viajamos juntos para rever os lugares por onde passamos, você me ajudava a cantar mantras dentro da van que nos conduzia por estradas poeirentas, palácios de marajás, passeios em cima de elefantes. Você me acompanhou de perto e me ajudou a entrar no rio Ganges, para colocar meu barquinho com flores.
Quando regressamos ao Brasil, você prolongou a viagem por mais uns dias, para visitar Kachempure, a cidade onde o seu pai fez um trabalho comparativo Brasil-Índia na década de 70. Visitou a escola da cidade e presenteou as crianças com uma biblioteca de livros infantis.

Hoje, sua filha Luiza, continua a ser o sucesso na família, uma criança linda, cercada de carinho.

Assim é a vida: filhos, netos e bisnetos nos contam histórias e nos trazem alegria.

Um grande abraço,
Vó Helena”

*Fotos de Maurício Andrés

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