Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
terça-feira, 31 de março de 2015
TERRITÓRIOS DO BRINCAR E GRUPO UAKTI
No imenso galpão com teto de bambu e decoração
oriental, a música vai se tornando parte de um todo que inclui a natureza
bucólica do entorno.
Neste cenário cheio de sons da natureza, outros sons
são criados dentro de um pequeno estúdio. Assisti à criação de uma trilha
sonora dedicada a um documentário intitulado “O território do brincar”.
O músico Alexandre Andrés, regula os altos e baixos
da flauta soprada por seu pai Artur, na sala ao lado, separada por uma parede
de vidro.
Durante uma hora ali fiquei assistindo à criação de
sons destinados a integrar as imagens do filme.
Aquela trilha sonora nos levava a uma experiência
única, da união entre as imagens e os sons.
No dia seguinte, conheci a educadora Renata Meireles
e o seu marido, o cineasta David Reeks que vieram de São Paulo para terminar o
vídeo. Foi armada uma tela grande onde pudemos assistir a uma sequência de
brincadeiras de criança. Segundo Renata, o documentário tem como ponto de
partida a tentativa de afirmação do olhar da criança e seu uso sobre os
brinquedos.
“Trabalhamos a ideia do brinquedo, não como suporte
de uma cultura, ou seja, o que a cultura oferece para a criança, mas
primordialmente, sobre o que a criança oferece para a cultura, e como acontece
a apropriação que as crianças fazem do brinquedo.”.
Estas palavras, retiradas de uma entrevista de
Renata Meireles, serviram de orientação para sentir de perto os objetivos do
casal de artistas pesquisadores. Conhecer o universo da criança, sua espontaneidade
em viver a liberdade de expressão de forma lúdica e prazerosa, foi o que pude
sentir ao ver o vídeo “Territórios do brincar.”
O vídeo vai nos conduzindo à nossa própria infância,
às brincadeiras de esconde-esconde, ao jogo da maré, aos carrinhos de rolimã,
onde escorregávamos pelas ladeiras de Belo Horizonte. No filme, há uma
sequência de crianças escorregando pelas dunas de uma praia, outras jogando nos
córregos barcos de papel ou construindo pequenos caminhões de madeira. Na
Avenida Afonso Pena em Belo Horizonte, havia um canal onde corriam as águas do
córrego “Acaba mundo” que desaguava no rio Arrudas. Fazíamos pequenos barcos de
papel, que jogávamos no córrego e corríamos rua abaixo, acompanhando o percurso
dos barquinhos. Os brinquedos da nossa infância eram, em sua maioria,
fabricados por nós mesmos. Lembro-me também de caleidoscópicos feitos por meu
irmão Paulo, a partir de cacos de vidros coloridos que recolhíamos nas ruas da
cidade. Brincávamos de Tarzã e Jane, habitantes das florestas, pulando de
“galho em galho” nas mangueiras do nosso quintal.
As crianças do documentário são crianças que não
possuem brinquedos comprados nos shoppings. O próprio fato de fazer o seu
brinquedo, já contribui para criar uma relação com o seu imaginário.
Brinquedos comprados não dão esta possibilidade de
pesquisar a curiosidade inerente à criança. Muitos demonstram sua curiosidade
desconstruindo e reconstruindo os brinquedos comprados.
No ano 2000 Renata Meireles, criadora do projeto
“território do brincar”, conheceu David Reeks. Juntos criaram o projeto BIRA
(Brincadeiras Infantis da Região Amazônica). Ela como educadora e pesquisadora,
ele como cineasta, percorreram 16 comunidades indígenas e ribeirinhas do Amapá,
Pará, Amazonas, Roraima e Acre. Produziram muitos filmes, premiados em vários
festivais de cinema.
Agora, com o Grupo UAKTI, fizeram uma parceria
aliando a sonoridade da flauta e da percussão aos jogos infantis, que vão
levando a alegria a espontaneidade da criança pelo Brasil afora.
*Fotos da internet
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quarta-feira, 11 de março de 2015
REFLEXÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO “FOTOGRAFIA E NATUREZA”
No dia 14 de março de 2015, a Galeria Lemos de Sá,
em parceria com o Instituto Maria Helena Andrés, inaugura uma exposição de 4
artistas plásticos pertencentes a diferentes gerações, mas unidos por uma
temática comum: a NATUREZA, estudada através dos 5 elementos da matéria, terra,
água, fogo, ar e éter. A temática nos faz refletir sobre a nossa identidade com
a natureza. Na realidade, somos parte da natureza.
Cabe aos artistas trazer esta mensagem ao mundo,
através das diversas formas de arte.
Terra
Estamos na zona metalúrgica de Minas Gerais, onde a
natureza construiu, ao longo de milênios, um território cheio de riquezas. As
terras de Minas têm variações de cores de grande beleza. Eymard Brandão nos dá
o testemunho do elemento Terra. Há muito tempo ele vem pesquisando o entorno de
seu atelier em Nova Lima. Eymard fotografou pacientemente as pedras reluzentes,
o chão onde as marcas dos caminhões traçam um desenho de força e poder. Eymard recolhe as pedras e a terra revolvida. Seu
testemunho está ali, fotografado e ampliado em quadros. Os caminhões passam
deixando sua marca no chão.
Água
Pedro Ariza veio de Málaga, no sul da Espanha, junto
ao mar Mediterrâneo. Ali seu avô era agricultor e operador de cinema. Desde
cedo o menino teve contato com películas cinematográficas, trabalhava junto com
os tios, como aquele menino do filme “Cinema Paradiso.” Daí veio a sua vocação
para a fotografia.
Para esta exposição na Galeria Lemos de Sá, sob a
curadoria de Marília Andrés Ribeiro, Pedro nos trouxe um documentário do mar
mediterrâneo. A água, o segundo elemento da matéria ali está registrada com a
força e beleza das ondas daquele mar que banha a Europa e a África. Pedro nos
trouxe também da Espanha, um vídeo feito por uma equipe de artistas, poetas,
músicos, fotógrafos, cinegrafistas, apresentando bailarinas que, no fundo de
uma piscina, realizam uma dança subaquática. Este vídeo será mostrado pela
primeira vez no Brasil a convite da Galeria Lemos de Sá, durante a inauguração
da exposição “Fotografia e Natureza”.
Fogo
Jayme Reis , aliando o seu espírito de aventura ao
fazer artesanal, já percorreu com seus barcos, mares nunca dantes navegados e,
numa proeza de fotoshop, construiu um grande barco com 3 pequenos barcos. Sua
ligação com a fotografia veio da necessidade de ampliar seu espaço criativo
para outras regiões, registrando idéias e formas poéticas.
Nesta exposição, Jayme está mostrando o fogo, o
elemento da matéria que destrói e constrói ao mesmo tempo. O fogo, usado desde
os primórdios de nossa civilização, tem uma profunda conotação espiritual em
várias tradições. Fogo é luz, é aquecimento, é mudança. Ele, ao mesmo tempo que
consome o que é velho, faz despertar o novo com todo o seu potencial
energético. Jayme fez uma fogueira de móveis velhos de um antigo ateliê,
consumindo rascunhos, restos de trabalhos.
As fotos desta exposição nos mostram o fogo crepitando em várias
situações.
Ar
O tema do meu trabalho, para esta exposição, é o ar,
o quarto elemento da matéria. Há 40 anos moro no alto das montanhas. Aqui
construí uma casa e um atelier de artes plásticas que, no momento, abriga a
sede do IMHA (Instituto Maria Helena Andrés.
Da minha casa posso ver as montanhas que se perdem
de vista e, nas noites de tempestade escuto o vento que derruba as árvores e
sacode as vidraças. Este mesmo vento burilou esculturas num passado longínquo,
indicando a direção das pedras do leste para o oeste, do oriente para o
ocidente. Percorrer as montanhas com uma pequena câmera, registrar o “aqui e
agora” das manhãs e tardes, passou a ser também uma segunda vertente do meu
paisagismo abstrato.
Para a exposição, escolhi o local onde tive, há 40
anos atrás o primeiro impacto das montanhas.
Neste local, perto da capela, com a ajuda do meu
amigo e artista Jayme Reis, pude fazer fotos que poderiam ser ampliadas para a
exposição.
Éter
Coube à curadoria de Marília Andrés Ribeiro,
realizar a síntese deste trabalho, selecionar artistas, incentivá-los, buscar
um local adequado para cada um dentro da galeria. O papel do curador é
importante na arte contemporânea, onde ele atua como se fosse o regente de uma
orquestra. É trabalho muitas vezes anônimo, mas de grande importância para o
resultado final de uma exposição.
Pode significar o quinto elemento da matéria, o
éter, que permeia tudo e coordena os outros elementos de forma invisível.
*Fotos de Maria helena Andrés, Eymard Brandão, Jayme Reis e Pedro Ariza
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terça-feira, 3 de março de 2015
A CALIFÓRNIA E O ORIENTE
Recebi de Maurício
Andrés Ribeiro o texto sobre a Califónia e o Oriente, que transcrevo abaixo:
“Na costa da Califórnia o sol se põe no
Oceano Pacífico. Do outro lado do Oceano estão a China, o Japão, o continente
asiático e mais adiante a Índia. A Califórnia recebeu muita influência do
oriente, com os migrantes chineses, japoneses, indianos. Na Califórnia, a globalização começou
há muitos anos e a mistura de povos é sentida em todos os níveis.
Havia centros de
triagem para os migrantes que adentravam a baia de San Francisco. Criaram-se
Chinatowns e proliferam restaurantes de culinária cambojana, tailandesa, vietnamita
e de outros países asiáticos.
Nos Estados Unidos, Los
Angeles é o maior porto de intercâmbio comercial com a China e o Japão, e a
partir dele se distribuem os produtos importados.
Jovens chineses,
japoneses, indianos hoje disputam vagas e frequentam as boas universidades
americanas.
Em Los Angeles e na Califórnia, yoga e hábitos alimentares veganos e vegetarianos se disseminam. A lei do karma
hindu propõe que há débitos e créditos associados a cada ação humana, que podem
somar positivamente ou negativamente, gerando débitos a serem pagos nessa ou em
outra encarnação. Palavras sânscritas como karma são apropriadas no contexto
dos serviços de crédito em San Francisco.
Na Califórnia há abertura
para modos de vida e de consciência pioneiros. Há centro de educação de Jiddhu
Krishnamurti em Ojai, perto de Santa Barbara. O Instituto Esalen, voltado para
o conhecimento holístico, está no Big Sur.
Em Encinitas, perto de
San Diego, um Centro de Auto realização dissemina as propostas espiritualistas
de Paramahansa Yogananda. Situado na orla do Pacifico, com uma magnifica vista
do oceano e do ar, mantém um jardim aberto ao público, propício à meditação e à
contemplação.
A Sede do Centro de Auto Realização de
Yogananda em Encinitas serve de hospedagem para os mestres.”
(*) Maurício Andrés
Ribeiro é autor de Ecologizar, Tesouros da Índia. www.ecologizar.com.br/ ecologizar@gmail.com
*Fotos de Maurício
Andrés Ribeiro
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