Roberto Andrés, meu neto, nasceu no dia 12 de
dezembro, aniversário de Belo Horizonte. Hoje ele é um dos grandes defensores
do direito do cidadão de ocupar o espaço público.
Belo Horizonte, cidade cuidadosamente planejada no
início do século XX, cresceu de forma desordenada. Seu traçado perdeu-se há
muito tempo com a verticalização de vários bairros e o sufoco do asfalto.
Belo Horizonte já foi denominada cidade jardim, me
lembro do cheiro de “damas da noite” quando percorríamos as ruas da cidade.
Lembro-me também do tempo em que eu atravessava a avenida Afonso Pena, toda
arborizada com árvores copadas, refrescantes. Brincávamos no Parque Municipal,
fazíamos pic nic ali, à sombra das árvores. Roberto me fez reviver esses
tempos, com o aniversário de sua filha Rosamaria. Levaram os “comes e bebes”
para as crianças, e ali no gramado do parque, foi comemorado o aniversário da
minha bisneta.
A revista Piseagrama, organizada por Roberto Andrés e
sua esposa Fernanda Regaldo, nasceu desta necessidade transgressora de ocupar o
espaço público, pisar na grama, fazer pic nic, alegrar as crianças com pipocas
e balões, longe do sufoco das salas de festa enfeitadas com desenhos de Mickey
Mouse.
Ali no parque, elas puderam participar diretamente
do encontro com a natureza à sombra de árvores centenárias. Antigamente havia
até um zoológico no Parque Municipal e meus filhos eram levadas para visitar os macacos e
oferecer para eles bananas e outras frutas.
No momento, Roberto procura reviver aspectos humanos
do passado, esquecidos por completo nos tempos modernos.
Piseagrama ganhou novas direções, ampliou seu campo
para um espaço maior: camisetas com mensagens ecológicas e sociais foram
criadas para uso das crianças, e bolsas coloridas andam pela cidade, entram em
supermercados, levando e trazendo mercadorias, objetos e coisas do consumo. As
pessoas levam e trazem mensagens escritas nas bolsas e , mesmo sem que o
percebam, vão levando e trazendo o pensamento ecológico e social de Roberto e
Fernanda. A ideia de colocar mensagens nas camisetas e bolsas, é uma forma
discreta e genial de fazer propaganda, divulgar pensamentos. Silenciosamente,
sem grandes manifestações, essas mensagens ambulantes vão abrindo a consciência
das pessoas: “Nadar e pescar no Arrudas”
“Ônibus sem catacras”, “Uma praça por bairro”,
“Carros fora do centro”, “Parques abertos 24h”, etc.
“Piseagrama”aparentemente transgride, mas sobretudo
está construindo e reeducando os governantes e a população de um modo geral.
No momento, os mesmos dizeres, impressos em cartões
coloridos, formam um painel que está exposto no Itaú Cultural, em São Paulo.
“Piseagrama” atravessou as fronteiras de Minas,
desceu as montanhas e continua a sua divulgação em outros estados do Brasil.
*Fotos da internet
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