Escrevo num guardanapo no pátio do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) em Belo Horizonte. Enquanto
espero, vejo grupos de teatro interpretando histórias de BH, os tempos
imemoriais da rua da Bahia, a boemia da Gruta Metrópole, as meninas olhando o
bonde passar.
Lá dentro, nos salões do CCBB, maravilhosamente
reformados para este espaço cultural, uma exposição histórica e cultural
acontece. É a retrospectiva com mais de 500 obras, de meu amigo e grande
artista Amílcar de Castro. Felizmente ainda estou aqui na Terra para ver os
colegas famosos sendo visitados, estudados e pesquisados pelo público interessado
em arte. Amílcar começou a estudar arte à sombra do Parque Municipal, rodeado
de alunos e alunas do Mestre Guignard. Saímos juntos para exposições e, lado a
lado, aprendemos a usar o lápis duro e a linha contínua.
Amílcar aproveitou as lições do mestre, desenvolveu
sua própria técnica, criou uma direção nova para a escultura mineira. O ferro
tornou-se arte, uma arte de síntese como ele mesmo denominou, síntese e
repetição. As formas são múltiplas e crescem em dimensões diferentes, alcançando
o espaço com força e coragem.
Amílcar, na
sua trajetória, conquistou um nome nacional e internacional
A escultura contemporânea requer uma equipe para sua
realização. Esta equipe necessariamente deve ser de grande competência e
Amílcar encontrou o caminho certo no arquiteto Allen Roscoe, seu assessor. A
exposição no CCBB vem comprovar o quanto de esforço foi exigido do jovem
arquiteto para que estas esculturas monumentais pudessem existir. Hoje Allen
trabalha para vários artistas, inclusive artistas do Rio e São Paulo. Allen
Roscoe foi também fundamental para a realização de minhas esculturas.
Amílcar costumava frequentar a Oficina 5, atelier
dirigido por Thais Helt, esposa de Allen, onde ele e vários artistas podiam
trabalhar em pedras litográficas. Thais preparava as pedras e cada artista se
expressava a seu modo. Muitas gravuras ali realizadas por Amílcar, estão
presentes nesta exposição. O atelier de Thais era um ponto de encontro de
artistas e ali podíamos também conversar e trocar idéias. Nesta equipe de trabalho, acrescento a
participação de Márcio Teixeira, que acreditou na potência de Amílcar e
patrocinou suas esculturas, bem como a excelente curadoria de Evandro Salles.
Reproduzo aqui alguns textos do catálogo da
exposição:
“Com curadoria de Evandro Salles, a exposição reúne
mais de 500 obras entre pinturas, esculturas em aço, madeira, vidro e mármore,
coleção inédita de projetos de esculturas e uma grande coleção de litografias,
muitas delas de grandes dimensões e nunca antes vistas em exposições.”
“O mineiro Amílcar de Castro foi um dos criadores –
ao lado de Lígia Clark, Lígia Pape e Hélio Oiticica, entre outros- de vertente
fundamental do movimento construtivo brasileiro, o Neoconcretismo. Esse
movimento configurou-se no Rio de Janeiro, no final da década de 1950 e seus
principais teóricos foram os críticos Mario Pedrosa e Ferreira Gullar.”
“Amílcar foi fundamentalmente escultor, desenhista e
artista gráfico. Como artista gráfico, foi autor de uma das mais importantes
reformas gráficas da imprensa brasileira: a reforma do Jornal do Brasil,
realizada em 1957.”
“A grande invenção escultórica de Amílcar foi seu
método construtivo denominado de “corte e dobra”, que consiste em, a partir de
um plano, inscrever uma forma e lançá-la ao espaço de três dimensões. (Evandro
Salles)
*Fotos de arquivo
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que relato bacana! gostosa a leitura. obrigada, maria helena andres.
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