quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ARTE ABSTRATA, COSMOS E ECOLOGIA


Recebi de Maurício um texto sobre a afinidade da arte abstrata com a realidade mostrada pela ciência contemporânea que reproduzo abaixo:
“Neste século XXI a humanidade se defronta com temas de grande abrangência nunca antes enfrentados. As mudanças climáticas trazem eventos extremos de secas, enchentes, furacões intensos e frequentes, com repercussões vitais para a segurança alimentar e a qualidade de vida. Há uma acelerada transformação do planeta que exige uma percepção sensível, conhecimento e capacidade de adaptação.
As tecnologias espaciais e de comunicação global permitem visualizar a Terra com a visão dos astronautas, que escaparam da biosfera e passeiam no cosmos. Com o apoio de telescópios potentes, tais como o Hubble, é possível estudar e conhecer as dimensões do universo e das galáxias.  O macro mundo dos astrônomos apresenta imagens abstratas. É outra dimensão da realidade, cósmica, dinâmica, com suas linhas curvas, espirais das galáxias, cores, as explosões do cosmos. Da mesma forma, na escala do micro mundo, os microscópios visualizam dimensões mínimas da realidade, que também apresentam formas abstratas. A física quântica mostra um universo distinto, não concreto, não sólido – fluido, abstrato, porém muito real. Trata-se de uma dimensão essencial da realidade, invisível a olho nu, perceptível por meio de instrumentos, tais como telescópios e microscópios, que permitem penetrar no âmago da matéria e escapar do mundo das aparências sensorialmente percebidas.
A arte abstrata está em sintonia com essa percepção contemporânea da ciência e transcende o realismo figurativo ou o mecanicismo concreto. Há várias formas de arte abstrata. O abstracionismo informal difere do realismo socialista, que focaliza a realidade visível a olho nu, a matéria percebida pelos sentidos e valoriza o aspecto social, a figura humana e o seu contexto. Também se diferencia da arte concreta, que valoriza a  geometria, a construção mental da realidade. O concretismo corresponde a uma etapa da civilização que valorizou as máquinas, a engenharia, um mundo que se urbaniza e industrializa rapidamente. Já o abstracionismo informal valoriza as configurações cósmicas e atmosféricas do macro universo e as configurações encontradas no micro mundo das células, átomos, bactérias.
O artista abstrato tem o grande mérito e a capacidade de buscar a essência da realidade e visualizar aspectos do micro e do macro universo, para além das aparências, difíceis de serem compreendidos pelo cidadão mediano, que percebe com seus sentidos a realidade imediata, mas que é pouco sensível a outras dimensões.
O abstracionismo lida com realidades presentes nas escalas micro e macro do universo.
O abstracionismo informal tem um significado especial nesse momento em que o universo é explorado e melhor conhecido, e a dimensão cósmica da realidade se torna mais próxima e visível. As paisagens aéreas das nuvens no céu, com suas formas fluidas e dinâmicas também são uma dimensão da realidade cada vez mais merecedora de atenção e de observação pelos cientistas, no mundo atual que se encontra às voltas com as mudanças climáticas. As variações de cores nos céus e a dinâmica das nuvens estão presentes nas paisagens atmosféricas dos céus de Minas, e também inspiram artistas abstratos.” (Maurício Andrés)
 
Fotos: Maurício Andrés, telescópio Hubble e Wikipedia

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