domingo, 30 de dezembro de 2012


BIENAL UNIVERSITÁRIA DE ARTE


A Bienal Universitária de Arte, organizada pela Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais e Escola Guignard, tendo como curadores o s professores Fabrício Fernandino, Benedikt Wierz e Marília Andrés Ribeiro, apresentou, durante o mês de novembro de 2012, no grande Espaço 104, na Praça da Estação em Belo Horizonte, uma mostra coletiva de trabalhos com a participação de estudantes universitários de diversos pontos do Brasil e da América Latina.
Visitamos a exposição num dia de chuva, penetramos devagarinho naquela catedral de arte, onde a nave central era circundada por diversos nichos, com manifestações artísticas das mais variadas tendências: fotografias, desenhos, pinturas, esculturas, cerâmicas, instalações e performances.
A arte contemporânea permite a apreciação de uma multiplicidade de tendências, linguagens e expressões artísticas. Não existe um conceito político ou religioso a ser defendido, apenas o direito de criar com liberdade e colocar para o público alguma experiência escondida nos subterrâneos da memória.
Procuramos nos aproximar dos artistas residentes, que vieram do Brasil e da Argentina, e ali estavam reunidos. Fomos colhendo depoimentos sobre os seus trabalhos.
Bruno Oliveira, que veio de Curitiba, nos dizia: “Trabalho com esculturas moles, de tecido, a partir das quais proponho uma reflexão sobre o espaço e o exercício de expor. O trabalho é norteado pelo pensamento sobre a relação entre a obra, o espaço e o público”.
Paul Setubal, que estuda na Universidade de Goiânia, fez o seguinte depoimento: “É uma série de trabalhos que evoca questões políticas e sociais da vida contemporânea através da história do Ciclo do Ouro em Minas Gerias. Criei uma série de “ouros falsos” e apliquei um golpe com marreta nas peças, simbolizando toda a violência daquele período e de hoje”.
Victoria Ruiz Diaz, pertencente à Universidad Del Litoral, na Argentina, construiu um livro de artista da série “De otros mundos” a partir de  desenhos de lâminas científicas e de mundos inventados. “Animais e plantas da fauna e flora do Brasil  se transformam em seres híbridos para criar um outro mundo que é plasmado num livro de pequeno formato”.
Leonardo Gauna, estudante da Universidad de La Plata, criou o projeto “Ventanas”, que são desenhos sobre os vidros das janelas. “O projeto busca resignificar o espaço cotidiano, urbano e arquitetônico, com as ilustrações”.
Ana Clara D’Amico, também da Universidad de La Plata, inventou o projeto “Sabrosa Diversidad”, que consta de uma instalação feita com moldes de pequenas esculturas criadas a partir das impressões bucais das línguas das pessoas de Belo Horizonte e da Argentina. “O trabalho tem a intenção de refletir sobre a identidade sexual e a anomalia que se apresenta como resultado de uma construção social. Ele se refere também à comunicação e à dificuldade de expressão, gerando uma mescla de culturas, sexos, idiomas, desejos e gêneros, numa eterna construção”.
Naquele espaço de criação que se transformou o Espaço 104, durante a Bienal Universitária, os estudantes criaram suas obras, experimentaram o entorno, trocaram experiências, colheram impressões e dialogaram com os colegas, os curadores e o público visitante.  Foi uma oportunidade de trabalharem a criação e a exposição da obra durante o evento. A Bienal Universitária, por seu caráter inovador na formação dos estudantes, tornou-se um marco na extensão universitária brasileira.

*Fotos de Marília Andrés

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