quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

APRENDIZAGEM PARA A SAÚDE

Convidamos Maurício Andrés http://www.ecologizar.com.br/ para apresentar seu trabalho de aprendizagem para a saúde, que se adapta perfeitamente a este blog:

“Em muitos países,  a pirâmide demográfica está atualmente se modificando e há uma crescente população idosa que demanda serviços de saúde com custos cada vez maiores.
A carga sobre a população economicamente ativa, para sustentar  os custos dos sistemas de  saúde, de previdência social  e de aposentadorias tende a crescer, e a  provocar o colapso dos orçamentos públicos.
Crianças e jovens de hoje que tenham acesso a práticas de educação para a saúde física e mental adequadas nos campos da alimentação, da respiração, da higiene e das posturas corporais, daqui há 50 anos serão adultos e idosos  que poderão onerar de modo menos pesado os serviços públicos de saúde, pois terão incorporado hábitos saudáveis ao longo de sua história de vida.
Atualmente, muitas práticas de reeducação se disseminam: a reeducação alimentar, para que a dieta deixe de ser apenas um hábito herdado e reproduzido de geração em geração para se tornar um hábito cotidiano consciente de seus impactos; a reeducação postural global (RPG), que relembra o indivíduo da importância de postar-se corporalmente de modo harmonioso, que não cause ou agrave deformações que danificam a coluna e outras partes do sistema ósseo; a respiração consciente, que também trata esse hábito vital como uma questão cultural, passível de ser aprendida e exercida de modo consciente.
Interessante observar que, nesses três casos, o ioga milenar atuou, demonstrando que havia na antiga civilização védica indiana a consciência sobre a importância desses cuidados com o corpo, que repercutem também na mente e nas emoções.  Assim, por exemplo, a respiração consciente pode levar à harmonização física e a um estado de consciência relaxado, sem tensões e estresses.
Além desses, outros cuidados de reeducação são importantes, como por exemplo a educação para a saúde bucal, que preserva a dentição e evita focos de infecções.
Todas essas práticas levam a uma melhor manutenção da saúde física, com resultados benéficos ao indivíduo quando se torna adulto ou idoso, momento em que se manifestam muitos dos problemas de manutenção corporal, muitas dores e o organismo dá sinais de que está para vencer o seu prazo de validade.
A educação para a saúde física dos alunos em escolas desde a creche e a educação infantil, pode ser uma iniciativa valiosa, juntamente com a educação para a saúde mental e emocional, de modo a manter a integridade e a harmonia corporal, com saúde,  beleza e simetria. Nas escolas, práticas esportivas e artísticas tais como a música e a  dança - que atua sobre o corpo, a respiração e os movimentos - são meios para se difundir a consciência do corpo e para se atuar preventivamente no sentido da manutenção da integridade  e da harmonia corporal. A educação escolar precisa colocar ênfase em motivações, no controle emocional, na disciplina, nas capacidades de interação social, no intangível, no imensurável, no imaterial e não apenas naquilo que pode ser medido por meio de testes objetivos e padronizados.

Tal aprendizado pode fazer-se , ainda e principalmente, por meio da comunicação, por meio da cultura, na família e na socialização de crianças. Na atual sociedade midiática, a imprensa é um dos meios de comunicação pelos quais se aprende. Do mesmo modo como o merchandising inserido sutil ou ostensivamente nas novelas, em filmes e no entretenimento é feito com fins comerciais, ele pode  incluir mensagens que transmitam conhecimentos de educação para a saúde e induzam exercícios e práticas saudáveis para o corpo. Nesse processo, é crucial a consciência de artistas, novelistas, formadores de opinião, que influenciam modos de vida e valores.
Ações preventivas de incorporação de tais conhecimentos em todas as formas de transmissão cultural e educacional são a base para construir sistemas de saúde e de previdência sustentáveis, num mundo cuja idade média tem-se alongado, com maior proporção de idosos na população.”

*Fotos de Luiz Cruz, Julio Margarida e da internet

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domingo, 25 de dezembro de 2011

WILSON FIGUEIREDO, O POETA

Revivendo o movimento moderno que se instalou em Minas na década de 40 com a criação da Escola de Belas Artes dirigida por Guignard, vejo a turma de jovens poetas e escritores se reunindo em baixo das árvores do parque.
Vinham da faculdade de Filosofia situada ali perto, no Instituto de Educação para assistir palestras e debates que aconteciam na Escola, sob o prestígio de Guignard. Todo um potencial de idéias novas se formava em torno do mestre. Ali no parque Municipal de BH, uma síntese das artes acontecia.
Wilson Figueiredo era um dos integrantes da turma que se reunia no parque, juntamente com Otto Lara Resende, Hélio Peregrino, Edmur Fonseca, Paulo Mendes Campos, Sábato Magaldi, etc. Wilson Figueiredo, o Figueiró, criou junto com Edmur Fonseca a revista Edifício, uma revista de vanguarda. Ali seus livros de poesia, “Mecânica do Azul” e “Poemas Narrativos”, foram editados.
Seguíamos o nosso caminho nas artes plásticas, sob o incentivo daqueles que também escreviam poemas e crônicas.
Figueiró, que naquela época tinha apenas 20 anos, fez parte do grupo de jovens que recebeu em 1944, Mário de Andrade na provinciana Belo Horizonte. O consagrado poeta paulista gostou do jovem e escreveu para ele cartas encorajando-o a continuar a linha poética.
 Wilson Figueiredo guardou suas poesias que só foram publicadas na época, mas merecem ser conhecidas. Algumas vezes costumo cobrar do meu cunhado, W. Figueiredo, casado com minha irmã Lourdes:
“Wilson, por que você não publica seus versos, você é um poeta.”
 Lembro-me de ter lido algumas vezes o livro “Mecânica do Azul” e aqui transcrevo alguns trechos:
 “Só hoje me lembro da bola de gude
Mas com alguns anos de vida
Entre esse tempo e onde
Eu desejaria estar
 Ah! Se eu pudesse ver a bola
Com a trajetória libertada
Da geometria e da física
E ignorar que feliz no jogo
É o infeliz nos amores.”
 ..............................................
 “Meu primeiro velocípede
Começa a dar voltas
Em torno do meu silêncio
Com a campainha gritando
Estrelas”
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 “Havia no quarto da pensão
Cavalos ao luar pregados no teto
Numa geografia que me viajava
Os cavalos puxavam a virgem
Na paisagem de gesso
Sempre intocada
Por sobre o sonho e as águas.”
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 O tempo é a minha ferrugem
Que espraia
Atropela o silêncio
Gasta a chave, a mala
Os cartões imorais do dormitório
Os pregos na parede
E mesmo alguns retratos.”
 Naquela época eu lia “Cartas a um jovem poeta” de Rainer Maria Rilke e sob o seu incentivo continuei minha vida de artista.
 Cada vez mais venho compreendendo a integração das artes e o quanto de benefício que elas nos proporcionam.
 Mais tarde, já casado, Wilson transferiu residência para o Rio de Janeiro, que naquela época era considerada a corte brasileira, lugar onde os intelectuais e artistas poderiam se projetar com mais facilidade. Ali ele se tornou um jornalista da linha de frente, destruindo idéias arraigadas e incentivando a construção do novo. Assim foi no Jornal do Brasil e está sendo no F.S.B Comunicações, onde ele se torna, aos 87 anos “um mentor dos novos da empresa”.
 Nelson Rodrigues destacava em Wilson a veia poética, que se desdobrou ao longo de toda a sua carreira. “Não se faz jornalismo sem poesia”, dizia Nelson Rodrigues.
 Mário de Andrade, ao ler os versos do jovem Wilson de 20 anos, comentou: “Como eu sorria feliz lendo os versos dele”.
Em carta dirigida ao Wilson, Mário de Andrade continua: “Você tem a poesia dentro de si e tem o que dizer.” E continua: “Você é um poeta e sua poesia não é original por ser uma fragancia de mocidade só, é sua.”
 Esta poética, Wilson trouxe da juventude até os dias de hoje. Escreve textos e dedicatórias deixando vir à tona a sua alma de poeta. Transcrevo aqui a dedicatória que recebi no livro “E a vida continua” recém lançado no Rio de Janeiro.
 “À Helena
A irmã que conversa com o silêncio e acena às nuvens que passam rentes à sua casa, nosso agradecimento por sua assinatura artística numa página deste livro que nos reúne como prêmio da vida.
 Lourdes e Wilson.”
 Este prêmio da vida a que eles se referem são seus 4 filhos Pedro, Vanessa, Rodrigo e Andréia que serviram de modelo para um quadro de minha autoria.
*Fotos de Pepe Schettino, André Macera e do acervo FSB
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

JOSEPH BEUYS

Continuando a minha pesquisa sobre Joseph Beuys, vou relatar um pouco de sua vida, a partir da transcrição de uma entrevista dada a Franz Hak em 1979.
“Em 1941, Beuys com 20 anos, toma conhecimento da obra de Rudolf Steiner, tendo freqüentado os grupos de antropósofos em Dusseldorf. Por essa altura retém a idéia da "unidade na multiplicidade", dos quatro níveis do homem: corpo físico, corpo etérico, corpo astral e o "Eu". A relação que estabelece com a natureza vai marcar a influência da antroposofia de Steiner.
A guerra representou, certamente, na sua vida um elemento central.
No Inverno de 1943, como telegrafista num bombardeiro de combate, teve um acidente. O avião depois de atingido pelos canhões antiaéreos de uma base russa, despenha-se na Crimeia durante uma tempestade de neve. Beuys é o único sobrevivente. Está gravemente ferido. Uma fratura craniana, costelas, pernas e braços partidos.
Quando está à beira de morrer, um grupo de tártaros nômades, que transitavam por esse lugar, acolhem-no. Cobrem-no primeiro de gordura e aconchegam-no depois com panos de flanela. E, num ambiente mágico, os "chamanes" da pequena tribo de nômades curam-no milagrosamente. Beuys vivencia essa presença "chamânica" como algo de exemplar e significativo para a sua vida e obra. Daí a importância constante da gordura e do feltro, materiais com os quais os "chamanes" o envolveram para o curarem das queimaduras e traumatismos sofridos com o acidente. Daí a constante atitude de profundo respeito pela natureza e pela espiritualidade cósmica.
A relação com a tribo nômade quase o leva a optar por ficar para sempre nesse grupo de tártaros. Porém, para Beuys, a ligação à natureza não é chamânica. É uma espiritualização do futuro, como na antroposofia que subjaz à sua formação. A pesquisa espiritual de Beuys não procura no passado. Integra o passado espiritual num projeto de futuro. Uma espiritualidade consciente e não atávica; não adquirida, mas construída... Ultrapassar o irracional e o racional, através de uma procura em que o "oculto" se torna "manifesto".
A artisticidade de Beuys é o quotidiano, acessível a toda a gente, processo contínuo, obra aberta para todos os imaginários que na participação, no debate e na ação solidária vão criando mudança de vida.”

*Fotos da internet

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