Conheci Heloisa Oliveira na década de 80, quando ela acabava de chegar de uma viagem às ilhas de Bali, na Indonésia. Heloisa, fotógrafa e dançarina, seguia o seu chamado interno de viajar pelo mundo. Quando a conheci ela já havia morado no Japão, Inglaterra e Estados Unidos.
Em suas viagens pelos países orientais, a jovem artista registrava em fotos os aspectos de uma cultura ainda desconhecida para nós ocidentais.
“A dança em Bali não é para ser apresentada nos palcos, ela faz parte da vida do povo e revela estados mais profundos de consciência.”
As palavras de Heloisa me tocaram. Estávamos juntas no caminho que busca a abertura de consciência através da arte e os países orientais, ainda não poluídos pelas referências materialistas do mundo ocidental, ali estavam para oferecer aos pesquisadores e viajantes da grande universidade da vida, uma referência pura do sentido da dança como meditação.
Acompanhei Heloisa a um bairro da periferia de Belo Horizonte onde um grupo se reunia aos domingos para dançar a “dança de roda” da tradição africana. Crianças, jovens e velhos se harmonizavam ao som de instrumentos musicais e ao ritmo dos tambores.
Heloisa sempre foi uma personalidade ativista na defesa da natureza. À frente de movimentos no Retiro das Pedras, ela organizava caminhadas e cerimônias seguindo a linha das tradições indígenas.
Heloisa foi convidada para a coroação do rei do Butão que aconteceu em novembro de 2008. O Butão está situado no alto dos Himalaias, próximo à Índia e ao Nepal. É um lugar de rara beleza onde a civilização ocidental ainda não exerceu a sua influência. Ali somente pessoas escolhidas por eles podem visitar os templos e assistir às cerimônias. As danças sagradas foram registradas com grande sensibilidade pelas lentes de Heloisa, a fotógrafa.
De acordo com o depoimento de Heloisa, “grupos de monjes budistas, de várias regiões do Butão se reúnem no palácio de verão do primeiro Rei , em Yungdrung Choeling , no Vale de Trongsa. Executam danças rituais (Cham) reveladas em visões pelo santo e
Terton-revelador de tesouros sagrados, Pema Lingpa, do século XV.
Dançam em reverência ao relicário que contém seus restos mortais embalsamados, ¨stupa¨. Estas linhagens de Cham, ou danças sagradas de máscaras, sobrevivem hoje como uma das tradições intactas de movimento ritual, fortemente preservadas no Butão.
O ano de 2007, anunciava grandes mudanças para o país, um momento histórico para o Butão: com a abdicação ao trono, o Quarto Rei conduziu o país à Democracia Parlamentarista.”
*Fotos de Heloisa Oliveira
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